Obras em Goiânia ainda sobrecarregam trânsito mesmo após novo decreto
Apesar das regras estabelecidas pelo Decreto 2.716, construtoras e Prefeitura enfrentam dificuldades para reduzir impactos no tráfego e nas calçadas da capital.

Três meses após a entrada em vigor do Decreto 2.716, que definiu normas para o uso de ruas e calçadas por construtoras em Goiânia, motoristas e moradores ainda convivem com transtornos no trânsito. A medida, sancionada pelo prefeito Sandro Mabel (UB), estabeleceu que caçambas, caminhões e maquinários devem, preferencialmente, operar dentro dos canteiros de obras, mas na prática o impacto segue evidente em corredores estratégicos da cidade.
Na Alameda Coronel Eugênio Jardim, no Setor Marista, o motorista Washington Mendes relata esperar até meia hora para percorrer duas quadras no fim da tarde, em razão da movimentação de caminhões ligados a obras na região. “Já é difícil pelo horário, mas com os veículos das construções é quase impossível atravessar”, diz. Situação semelhante ocorre nas proximidades do Parque Vaca Brava, que abrange bairros como Jardim América e Nova Suíça, onde caçambas e entregas de materiais reduzem a fluidez em vias de menor porte.
No Jardim América, a Rua C-235, que concentra pelo menos cinco escolas, registra congestionamentos nos horários de entrada e saída de alunos. A presença de guindastes e caminhões, somada ao tráfego escolar, tem ampliado o tempo de viagem.
Fiscalização e reincidência
Segundo o diretor de fiscalização da Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic), João Peres, equipes realizam operações semanais para verificar o cumprimento do decreto. Os principais problemas identificados envolvem reserva irregular de vagas nas ruas, obstrução de calçadas e mau uso de maquinários. “Algumas construtoras são reincidentes, e nesses casos precisamos adotar medidas mais rígidas. Ter impacto zero é inviável, principalmente em áreas adensadas, mas aplicamos autuações com base nos códigos de Posturas e Edificações”, afirma.
Os bairros Marista, Bueno e Jardim Goiás estão entre os mais críticos em termos de notificações.
Construtoras apontam desafios
Para a diretora de comunicação do Sinduscon-GO, Carolina Lacerda, as obras em fase de estrutura conseguem se adequar com maior facilidade às regras. O desafio maior, segundo ela, está nas etapas de escavação, em que os afastamentos obrigatórios são insuficientes para comportar máquinas e caçambas. “Ainda assim, há um esforço para atender às determinações. A flexibilização de horários de carga e descarga trouxe alívio para reduzir os impactos”, explica.
O presidente da Ademi-GO, Felipe Melazzo, lembra que a fase final das obras também gera dificuldades, especialmente na execução das calçadas, quando o espaço interno é limitado. Ele ressalta ainda que o problema não se restringe às construtoras: reformas, entregas e serviços diversos também pressionam a mobilidade urbana. “O decreto foi inteligente ao prever situações específicas e manter o diálogo com a Prefeitura, permitindo ajustes caso a caso”, avalia.
Diálogo e adaptação
Segundo o Sinduscon-GO, aproximadamente 200 empreendimentos verticais estão em andamento na Região Metropolitana de Goiânia, a maioria na capital. O setor tem buscado alternativas como operar em ruas de menor fluxo ou fora dos horários de pico, em parceria com a Prefeitura. “A regulamentação trouxe avanços importantes para organizar a convivência entre obras e vizinhança, mas a realidade das avenidas, onde o afastamento frontal é limitado, impõe obstáculos adicionais”, conclui Carolina Lacerda.
Apesar do regramento e da intensificação da fiscalização, a convivência entre o crescimento imobiliário e a mobilidade urbana de Goiânia segue como um desafio central para moradores, construtoras e poder público.
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