No adeus de um líder, Vila Nova encerra ano irregular com empate e velhas fragilidades expostas no OBA
Ídolo colorado encerra ciclo de 150 jogos com homenagem emocionante no OBA; Tigre reage duas vezes, mas escancara falhas conhecidas e fecha uma Série B irregular sem a disputa pelo acesso.
A noite no Onésio Brasileiro Alvarenga carregou uma mistura de reverência e melancolia. O Vila Nova não tinha mais pretensões na Série B, mas o estádio recebeu um clima raro para um jogo de fim de campeonato: a despedida de Ralf, referência técnica e moral de um ciclo que recolocou o Tigre entre os protagonistas do futebol goiano.
O volante de 41 anos, multicampeão pelo Corinthians e símbolo do título estadual conquistado em 2025, foi homenageado no telão antes do jogo e não conteve as lágrimas ao ser ovacionado pelo torcedor colorado. A partida, um empate por 2 a 2 diante do já rebaixado Volta Redonda, acabou servindo mais como moldura para o adeus do que como avaliação esportiva. Ainda assim, expôs novamente virtudes de competitividade e, principalmente, problemas recorrentes da equipe.
Um adeus que reafirma a grandeza do personagem
Ralf deixa o Vila Nova após 150 partidas e uma identificação construída pela regularidade, seriedade e protagonismo em uma das conquistas mais relevantes do clube no século — o Goiano de 2025, que pôs fim a um jejum de duas décadas. O camisa 15 não anunciou aposentadoria. Há conversas com clubes interessados, e sua intenção é seguir atuando em 2026.
Quando entrou em campo aos 24 minutos do segundo tempo, a reação do público sintetizou o que ele representa: respeito absoluto. E quase houve roteiro perfeito — o pênalti inicialmente marcado nos acréscimos faria do veterano o destaque final da noite. O VAR, porém, corrigiu para falta fora da área e frustrou o simbolismo.
Deficiências conhecidas e poder de resposta
O jogo refletiu a própria temporada do Vila Nova. O time começou com volume, mas voltou a ser vulnerável na bola parada — falha repetida em diferentes momentos da competição. Aos 11 minutos, Dener aproveitou rebote após escanteio e abriu o placar para o Volta Redonda, que, mesmo rebaixado, mostrou organização defensiva e eficiência nas finalizações.
O Vila Nova respondeu com posse de bola e insistência, mas apenas no fim da primeira etapa encontrou o empate. Emerson Urso marcou após disputa dentro da área, trazendo o Tigre de volta ao jogo.
A repetição do erro defensivo veio no segundo tempo: Lucas Ramires apareceu livre na área e marcou de cabeça, novamente após bola parada. O gol expôs a dificuldade do Vila em proteger a área, especialmente nas disputas aéreas.
A reação, entretanto, foi imediata. Em chute forte de fora da área, Gustavo Pajé empatou e devolveu energia ao time e à torcida. O Vila criou ainda duas chances claras, mas não converteu — reflexo da inconsistência que marcou a campanha.
Um fim coerente com o que foi a Série B do clube
Com o empate, o Vila Nova terminou a Série B com 47 pontos, na faixa intermediária da tabela, distante da zona de acesso e sem correr risco de rebaixamento. A campanha, marcada por oscilações e perda de rendimento em momentos-chave, refletiu um elenco competitivo, mas sem profundidade para brigar na parte de cima.
Para 2026, o clube inicia a preparação mirando o Campeonato Goiano, com estreia prevista para 7 de janeiro. A comissão técnica trabalha na reformulação do elenco, especialmente após a saída de sua referência de maior liderança.
O Volta Redonda, por sua vez, encerra participação na vice-lanterna, com 36 pontos, retornando imediatamente à Série C. A equipe estreia no Campeonato Carioca em 11 de janeiro.
Ficha Técnica.
Série B – 38ª rodada (antecipada)
Local: Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, Goiânia (GO)
Público: 2.159
Renda: R$ 16.495,00
Árbitro: Denis da Silva Ribeiro Serafim (AL)
Gols
- Vila Nova: Emerson Urso (38’/1T), Gustavo Pajé (38’/2T)
- Volta Redonda: Dener (11’/1T), Lucas Ramires (27’/2T)
Cartões Amarelos:
Pajé (Vila); Caio Roque, Lucas Ramires, Igor Morais, Adsson (Volta Redonda)
Expulsões:
Pajé (Vila), Lucas Ramires (Volta Redonda)
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