Médicos credenciados pelo Detran-GO suspendem atendimento por tempo indeterminado
Categoria exige reposição salarial e melhores condições; governo alerta para impacto na CNH e libera exames em qualquer clínica

Os médicos credenciados ao Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) suspenderam, a partir da última quinta-feira (21), a realização de atendimentos médicos obrigatórios para candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A paralisação, convocada pelo Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), é por tempo indeterminado e marca a terceira interrupção do serviço em pouco mais de um mês.
De acordo com o Simego, a decisão resulta da ausência de diálogo efetivo por parte do Governo de Goiás e da direção do Detran-GO. A categoria reivindica a reposição das perdas inflacionárias acumuladas ao longo de nove anos, além de melhorias nas condições de trabalho. “As tentativas de negociação foram ignoradas. Não houve apresentação de propostas nem disposição em discutir as demandas”, afirmou a entidade em nota.
Apesar da paralisação, o sindicato assegurou que os serviços da Junta Médica e da Junta Técnica — responsáveis por situações consideradas inadiáveis — continuarão funcionando, em respeito ao que determina a legislação.
Posição do Detran-GO
Em resposta, o Detran-GO afirmou que a principal reivindicação dos médicos envolve reajuste nos valores pagos pelos exames, custo repassado diretamente ao candidato. Segundo a autarquia, atender à solicitação da categoria implicaria aumento significativo no valor final da CNH, que atualmente varia entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil no estado.
O órgão acrescentou que comunicou o Ministério dos Transportes e a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para avaliar alternativas que evitem o aumento dos custos para a população. Além disso, destacou que mantém “diálogo aberto” com representantes da classe médica.
A autarquia também divulgou dados para rebater a alegação de defasagem salarial. Segundo o órgão, há médicos credenciados que, mesmo com jornadas reduzidas de seis horas diárias (ou quatro horas e meia no atendimento via Vapt Vupt), chegaram a faturar até R$ 38 mil mensais, somando R$ 228 mil no primeiro semestre de 2025.
Medidas para reduzir impactos
Enquanto o impasse persiste, o Detran-GO anunciou a adoção de medidas para amenizar os prejuízos aos cidadãos. Entre elas está a manutenção do atendimento na unidade Padrão Vapt Vupt, localizada na sede da autarquia, no setor Cidade Jardim, em Goiânia.
Além disso, segue em vigor uma portaria que transfere ao usuário a liberdade de escolher a clínica credenciada que deseja utilizar, em vez de ser direcionado automaticamente pelas unidades do Detran-GO.
Reivindicações anteriores
A atual paralisação é a terceira em pouco mais de um mês. Em 15 de julho, o Simego havia suspendido os atendimentos por 48 horas; em 30 de julho, houve nova interrupção por 72 horas. Em ambas as ocasiões, o sindicato já apontava defasagem salarial, jornadas extenuantes e ausência de garantias trabalhistas ou previdenciárias para os médicos credenciados.
Sem avanços nas negociações, a categoria agora decidiu manter a suspensão por tempo indeterminado.
Nota do Simego
O Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás — SIMEGO, no uso de suas atribuições legais e estatutárias, informa a toda a sociedade goiana que haverá paralisação dos atendimentos realizados pelos médicos credenciados perante o Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Goiás (DETRAN-GO), a partir das 00:00 (zero) hora do dia 21 de agosto de 2025 (Quinta-Feira), por período indeterminado, sendo esta deliberação tomada em Assembleia Geral Extraordinária Permanente realizada no dia 14 de agosto do ano em curso, uma vez que os gestores responsáveis pelo Departamento Estadual de Trânsito do Estado de Goiás e o Governo do Estado de Goiás, não se dignaram a apresentar respostas e nem atenderam as reivindicações apresentadas. Os médicos reivindicam a reposição de perdas inflacionárias ocorridas nos últimos 9 (nove) anos e melhores condições de trabalho. Os atendimentos da Junta Médica e Junta Técnica do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás serão mantidos para preservar a continuidade do serviço para os casos considerados como inadiáveis, conforme a lei determina.
Goiânia, 16 de agosto de 2025.
Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás — SIMEGO
Franscine Leão – Presidente
Nota do Detran-GO
O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) informa que, diante da paralisação anunciada por médicos a partir de quinta-feira (21 de agosto), está sendo adotada uma série de medidas para minimizar os impactos à população. Entre elas a manutenção do atendimento na unidade Padrão Vapt Vupt, instalada na sede da autarquia na Cidade Jardim, em Goiânia, e já está em vigor desde a última paralisação, uma portaria que trata da distribuição dos exames que deixará de ser direcionada (randômica ) deixando o usuário livre para escolher a clínica que melhor lhe atender.
Os profissionais reivindicam reajuste no valor dos exames médicos pagos diretamente pelos candidatos. No entanto, o Detran-GO é contrário à proposta, por entender que o aumento impactará diretamente o valor final da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que já custa entre R$ 2.500 e R$ 5.000.
O Detran-GO reitera que sua resistência em autorizar reajustes nos valores dos exames visa exclusivamente, proteger o cidadão. A autarquia entende que o processo de habilitação é, muitas vezes, a principal porta de acesso ao mercado de trabalho no seu primeiro emprego, cidadania, inclusão e à mobilidade social. Por esse motivo, inclusive, já acionou o Ministério dos Transportes e a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para discutir alternativas que reduzam o custo da CNH.
A autarquia mantém diálogo aberto com as entidades representativas da categoria, que foram recebidas diversas vezes pela Presidência ao longo dos últimos meses. Atualmente, o cidadão paga diretamente ao médico o valor de R$ 90 por exame. Mesmo com carga horária reduzida — seis horas diárias ou quatro horas e meia nas unidades Vapt Vupt — há profissionais que chegam a faturar até R$ 38 mil por mês, somando R$ 228 mil apenas no primeiro semestre de 2025.
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