Márcio de Paula Leite é nomeado interventor da Saúde em Goiânia após decisão judicial
Indicado pelo governador Ronaldo Caiado, médico terá até 31 de dezembro para conduzir reestruturação de uma pasta marcada por crises financeiras e administrativas.
O médico Márcio de Paula Leite foi escolhido para assumir a intervenção estadual na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, em decisão confirmada pelo prefeito eleito Sandro Mabel e pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado. A nomeação atende a uma determinação do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), que atendeu a pedido do Ministério Público Estadual (MP-GO) devido ao agravamento da crise financeira e de gestão na pasta.
O decreto que formaliza a intervenção deverá ser assinado por Caiado até esta quarta-feira (11), limitando a atuação de Márcio de Paula até 31 de dezembro de 2024. A partir da publicação no Diário Oficial do Estado, o médico terá a missão de recuperar a normalidade nos serviços e garantir a proteção dos usuários do sistema público de saúde.
Perfil do interventor
Márcio de Paula Leite é médico emergencista com atuação no CAIS Cândida de Morais e médico auditor na Prefeitura de Aparecida de Goiânia. Com experiência em saúde pública e conhecimento das dinâmicas locais, ele foi destacado por Sandro Mabel como alguém “com disposição e preparo para enfrentar a crise”.
Apesar de seu currículo, o desafio à frente da SMS será monumental, considerando o histórico recente de problemas na pasta, que culminaram na prisão do ex-secretário Wilson Pollara e na renúncia de sua substituta, Cynara Mathias, apenas sete dias após assumir o cargo.
Contexto da crise
A intervenção na Saúde foi motivada por uma série de eventos que evidenciaram a má gestão e agravaram os problemas financeiros da SMS, incluindo:
- Déficits financeiros: Falta de recursos suficientes para atender à demanda crescente da população.
- Denúncias de irregularidades: Casos de suposta corrupção e má utilização dos recursos públicos.
- Paralisação de serviços essenciais: Relatos de falta de medicamentos, insumos básicos e atrasos em atendimentos.
- Rotatividade na gestão: A SMS teve três mudanças de comando em poucos meses, prejudicando a continuidade administrativa.
O MP-GO justificou o pedido de intervenção alegando que as medidas locais adotadas até então não foram suficientes para resolver os problemas estruturais e evitar prejuízos à população.
Reações e desafios
A Prefeitura de Goiânia afirmou respeitar a decisão judicial, mas defendeu que os esforços locais já iniciados poderiam ser suficientes para reverter o cenário. “Entendemos que a recuperação da normalidade é possível com ações já em andamento”, afirmou a administração municipal em nota.
Márcio de Paula terá pouco mais de 20 dias para atuar como interventor, um período curto considerando a magnitude dos problemas. Entre as prioridades estão:
- Garantir continuidade dos serviços de saúde: Resolver gargalos imediatos, como fornecimento de medicamentos e manutenção de equipamentos.
- Recuperar a credibilidade da SMS: Reconstruir a confiança da população e dos profissionais de saúde.
- Preparar a transição: Estabelecer um plano que permita à próxima gestão dar continuidade às ações iniciadas durante a intervenção.
A decisão do TJ-GO é vista como um marco na busca por soluções para a saúde pública de Goiânia. Embora tenha gerado críticas, especialmente por parte da administração municipal, especialistas apontam que a medida pode ser necessária para romper ciclos de má gestão que há anos afetam o setor.
A expectativa agora recai sobre a capacidade de Márcio de Paula Leite de implementar mudanças significativas em um curto espaço de tempo, garantindo que a saúde dos goianienses seja priorizada e que os problemas estruturais da SMS comecem a ser solucionados.