Júri é suspenso em Jataí após defesa alegar quebra de imparcialidade durante sessão
Equipes de defesa deixam o plenário ao afirmar que manifestações da plateia comprometeram a neutralidade dos jurados; caso segue sob segredo de justiça e aguarda nova definição do Tribunal do Júri
O Tribunal do Júri da comarca de Jataí suspendeu, nesta quinta-feira (4), o julgamento do homem acusado de matar a namorada, de 23 anos, em um caso que ganhou repercussão nacional. A decisão foi tomada após a defesa abandonar o plenário, alegando que manifestações vindas da plateia durante o depoimento de uma testemunha teriam violado a exigência legal de incomunicabilidade e imparcialidade dos jurados.
Embora o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) tenha reiterado que o processo corre sob segredo de justiça, a comarca confirmou a suspensão do julgamento em razão do pedido formal da defesa. Não há, até o momento, nova data designada para retomada da sessão.
Defesa aponta cerceamento e pede dissolução do Conselho de Sentença
Segundo a advogada Mirelle Gonsalez Maciel, que integra a defesa do réu, as manifestações ocorreram enquanto a testemunha Guilherme prestava depoimento. Para a defesa, o episódio teria provocado abalo direto na percepção dos jurados, inviabilizando a continuidade da sessão.
“Houve manifestação da plateia que contaminou os jurados. O júri exige incomunicabilidade absoluta. O jurado não pode ser influenciado por qualquer reação externa”, afirmou a advogada. A equipe registrou o episódio em ata e solicitou a dissolução do Conselho de Sentença, pedido negado pelo juiz.
Diante da negativa, os advogados deixaram o plenário. A defesa sustenta que não se trata de manobra processual, mas de medida indispensável à preservação da lisura do julgamento.
“O que buscamos é assegurar a neutralidade do conselho, conforme determina a legislação. A imparcialidade é condição essencial do júri, inclusive em respeito à memória da vítima”, acrescentou outro defensor.
Pedido de desaforamento deve ser apresentado
Os advogados informaram que irão requerer o desaforamento — transferência do julgamento para outra comarca — sob o argumento de que episódios semelhantes de manifestação da plateia já haviam sido relatados à magistratura em momentos anteriores da sessão.
Segundo a defesa, o abandono foi adotado como última medida para resguardar os direitos processuais do réu. “Diante de duas advertências ignoradas, decidimos pelo abandono e pelo adiamento para garantir um julgamento constitucionalmente seguro”, explicou Mirelle.
Caso segue sob segredo de justiça
O TJGO reforçou, em nota, que nenhum detalhe adicional do processo pode ser divulgado em razão do segredo de justiça, mas confirmou que a suspensão ocorreu após requerimento da defesa no plenário. O tribunal ainda não estabeleceu novo cronograma para o júri.
Contexto do caso
A morte de Ielly Gabriele Alves, em novembro de 2023, provocou forte comoção pública. A investigação apontou que a jovem registrou em vídeo o momento do disparo que a atingiu, material que desmentiu a versão inicial apresentada pelo então companheiro, Diego Fonseca Borges, que alegava um suposto ataque cometido por terceiros.
A gravação, entregue pela família da vítima às autoridades, levou à prisão em flagrante do suspeito e estruturou a denúncia formal apresentada pelo Ministério Público.
Desde então, o caso mobiliza amplo acompanhamento social e jurídico, mas as etapas processuais mais recentes permanecem protegidas por determinação judicial.
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