Influenciadora de Goiás e marido são presos por esquema milionário de fraudes bancárias com uso de criptomoedas e dados da darkweb
Casal vivia em cobertura de luxo no Rio e teria movimentado R$ 17 milhões como parte de rede nacional especializada em carding, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro por meio de ativos digitais. Operação “Deep Hunt” mira organização que movimentou R$ 164 milhões.

Uma influenciadora digital de Goiânia e seu marido estão entre os principais alvos da Operação Deep Hunt, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás para desarticular uma organização criminosa especializada na aquisição de dados bancários na darkweb e na aplicação de golpes financeiros de grande escala por meio do uso de criptomoedas.
O casal foi detido nesta quinta-feira (10) em uma cobertura de alto padrão na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. De acordo com a delegada Bárbara Buttini, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), os dois movimentaram, sozinhos, aproximadamente R$ 17 milhões dentro de um esquema mais amplo que atingiu a cifra de R$ 164 milhões.
“Eles ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais, mas por trás disso atuavam como articuladores centrais de uma rede que comercializava dados bancários e cartões clonados. As transações eram mascaradas via criptoativos e empresas de fachada”, afirmou a delegada.
Como funcionava o esquema
As investigações revelaram uma estrutura altamente especializada que utilizava a darkweb — setor da internet oculto aos mecanismos de busca convencionais — para comprar grandes volumes de dados sensíveis, como:
- Contas bancárias completas com login e senha;
- Cartões de crédito com CVV;
- Dumps de cartões (dados da faixa magnética, utilizados para clonagem física);
- Documentos públicos e privados falsificados;
- Assinaturas digitais de autoridades e até cédulas de moedas estrangeiras falsificadas.
Essas informações eram adquiridas por meio de criptomoedas, especialmente Bitcoin e Tether (USDT), garantindo anonimato e dificultando o rastreio financeiro.
Operação sofisticada de lavagem de dinheiro
Após a obtenção dos dados, a organização realizava:
- Fraudes bancárias e compras fraudulentas online;
- Revenda de dados para outras quadrilhas;
- Lavagem de dinheiro via exchanges, empresas fictícias e contas de terceiros;
- Reintrodução do capital ilícito na economia formal, com a compra de imóveis, veículos e investimentos em negócios de fachada.
A movimentação financeira foi cuidadosamente analisada: mais de R$ 164 milhões circularam em contas ligadas aos investigados, com tentativas explícitas de fragmentação e ocultação patrimonial.
Prisões e apreensões
A Operação Deep Hunt mobilizou mais de 180 agentes e cumpriu 94 mandados judiciais em diversos municípios de Goiás (como Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Abadiânia e Estrela do Norte), no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Foram apreendidos:
- Documentos falsificados e cédulas de identidade clonadas;
- Impressoras de alta precisão;
- Máquinas de cartão;
- Drogas, armas e dispositivos eletrônicos;
- Veículos de luxo e registros de propriedades;
- Criptoativos armazenados em carteiras virtuais.
Crimes e penas
Os suspeitos responderão por:
- Furto qualificado mediante fraude eletrônica;
- Lavagem de dinheiro com uso de criptoativos;
- Falsificação de documentos públicos e privados;
- Utilização de servidor no exterior para prática de crimes;
- Associação criminosa.
Segundo a Polícia, os crimes têm penas que, somadas, podem ultrapassar 25 anos de reclusão.
Darkweb: um mercado paralelo de crimes digitais
A darkweb, ao contrário da internet convencional, opera por meio de navegadores específicos, como o Tor, e abriga fóruns, mercados e serviços clandestinos. Por ser altamente criptografada, permite o comércio ilícito de dados pessoais, armas, drogas, documentos falsos e até contratos para crimes sob encomenda.
É nesse ambiente que os integrantes da quadrilha compravam e revendiam dados bancários e identidades falsas com total anonimato.
A Operação Deep Hunt marca um avanço significativo no combate à criminalidade digital de alto impacto no Brasil. O caso da influenciadora goiana e seu marido evidencia como a sofisticação tecnológica pode ser instrumentalizada para construir fortunas ilícitas sob o véu de vidas públicas glamorosas. O desmonte da organização serve de alerta às instituições financeiras e autoridades reguladoras quanto à urgência de sistemas de segurança mais robustos no combate ao cibercrime.
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