Inclusão e Tecnologia: O Impacto dos Aparelhos Auditivos na Qualidade de Vida de Pessoas com Deficiência Auditiva

Dia Nacional do Surdo reforça a importância da conscientização sobre a surdez e destaca inovações tecnológicas que melhoram a audição e a vida de milhões de brasileiros.

Comemorado no dia 26 de setembro, o Dia Nacional do Surdo é uma data voltada à conscientização e reflexão sobre os direitos e inclusão das pessoas com deficiência auditiva e surdez na sociedade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população brasileira, o que equivale a mais de 10 milhões de pessoas, apresentam algum tipo de deficiência auditiva. Destes, 2,7 milhões possuem surdez profunda, ou seja, não conseguem ouvir absolutamente nada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diferença entre deficiência auditiva e surdez está na intensidade da perda: enquanto a deficiência auditiva implica uma redução na capacidade de ouvir, a surdez se refere à perda total dessa capacidade.

Avanços Tecnológicos na Audição

Um dos principais aliados na reabilitação auditiva são os aparelhos auditivos, que têm avançado significativamente em termos de tecnologia. De acordo com Juliana Borges de Moura, gerente técnico-comercial da Opimed Saúde, localizada no Shopping Órion, em Goiânia, o uso de aparelhos auditivos é crucial para pessoas com qualquer grau de perda auditiva. “As perdas auditivas, desde as leves até as profundas, devem ser tratadas o mais rapidamente possível, após o diagnóstico. Por ser uma deficiência invisível, muitas pessoas tendem a adiar o uso de aparelhos, o que compromete o desenvolvimento e a estimulação das habilidades auditivas”, explica.

Tecnologias de Ponta

Os aparelhos auditivos modernos utilizam inteligência artificial e oferecem recursos avançados, como redução de ruído em tempo real, localizador e intensificador de fala, além de detecção de movimento e processamento de som HD. Esses recursos não apenas melhoram a qualidade da audição, mas também promovem uma experiência auditiva mais natural e similar ao som original. “O processamento rápido dos sinais sonoros, combinado com a baixa latência (delay), permite que os ruídos ambientais sejam ajustados automaticamente, priorizando o som da fala”, complementa Juliana.

Além disso, as opções disponíveis variam desde aparelhos auditivos discretos e ergonômicos até soluções mais avançadas, como implantes cocleares e próteses de vibração óssea. A escolha do dispositivo ideal é feita por um fonoaudiólogo, que avalia a melhor solução para cada paciente, garantindo audibilidade, conforto e desempenho auditivo. Juliana ressalta que, com as tecnologias atuais, “os usuários de aparelhos auditivos mal percebem que estão usando os dispositivos, pois a experiência sonora é muito próxima da audição natural”.

Aparelhos Auditivos e Longevidade

Além de melhorar a comunicação e qualidade de vida, os aparelhos auditivos podem desempenhar um papel importante na saúde a longo prazo. Um estudo publicado na revista The Lancet Healthy Longevity, em janeiro de 2024, revelou que o uso regular desses dispositivos pode reduzir em até 25% o risco de morte prematura. A conexão entre a saúde auditiva e o bem-estar geral reforça a necessidade de um diagnóstico e tratamento precoces, especialmente em uma população crescente de idosos com perda auditiva.

O Cenário da Deficiência Auditiva no Brasil

Atualmente, os dados do IBGE indicam que em 2022, Goiás possuía aproximadamente 516 mil Microempreendedores Individuais (MEIs), o que representa um crescimento significativo na força de trabalho local. Entre os desafios enfrentados por esses profissionais, a inclusão de pessoas com deficiência auditiva no mercado de trabalho é um tema que merece atenção. Embora o uso de aparelhos auditivos seja uma solução eficaz, a inclusão social e profissional desses indivíduos depende de políticas públicas eficazes e de uma maior conscientização sobre a acessibilidade.

Inclusão Social e a Importância da Conscientização

A celebração do Dia Nacional do Surdo é uma oportunidade de refletir sobre a importância da inclusão e acessibilidade. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), sancionada em 2015, já garante diversos direitos a pessoas com deficiência, incluindo o acesso a tecnologias assistivas. Contudo, ainda há muito a ser feito para garantir que todos tenham acesso a ferramentas que possam melhorar sua qualidade de vida.

Em tempos de inovação e conectividade, as soluções tecnológicas para pessoas com deficiência auditiva se tornaram mais acessíveis, mas a conscientização sobre a importância do diagnóstico e do tratamento continua sendo um desafio. É fundamental que tanto o governo quanto a sociedade civil incentivem o debate e promovam o acesso aos aparelhos auditivos, especialmente para as camadas mais vulneráveis da população.