Incêndio na Feira Hippie Destrói Barracas e Veículo: Feirantes Ficam no Prejuízo
Testemunhas apontam que o fogo teria sido causado por usuários de drogas; polícia investiga caso para identificar responsáveis.
O coração comercial de Goiânia foi tomado pelo caos na madrugada desta segunda-feira (2), quando um incêndio destruiu várias bancas de feirantes e um veículo estacionado na Feira Hippie, a maior feira a céu aberto da América Latina. O incidente ocorreu por volta das 3h da manhã e deixou um rastro de prejuízos e indignação entre os comerciantes. Segundo testemunhas, o fogo teria sido iniciado por usuários de drogas que costumam frequentar a região durante a noite, o que trouxe à tona novamente a questão da falta de segurança no local.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou aproximadamente 30 minutos para conter as chamas, que consumiram rapidamente as estruturas de lona e madeira das bancas, espalhando-se até atingir um Fiat Uno estacionado próximo. Não houve vítimas, mas o prejuízo financeiro é significativo. Produtos como roupas, acessórios, eletrônicos e alimentos foram completamente destruídos. Estima-se que pelo menos 20 feirantes tiveram suas barracas comprometidas pelo incêndio.
Relatos e clima de insegurança
De acordo com comerciantes, a presença de pessoas em situação de rua e usuários de drogas no entorno da Feira Hippie, especialmente durante a madrugada, tem se tornado um problema crescente. “Estamos há meses pedindo mais segurança aqui. É um perigo. Eu mesmo já fui ameaçado por tentar espantar um grupo que usava drogas perto da minha banca”, relatou Francisco de Assis, feirante que perdeu toda a sua mercadoria no incêndio.
Os vendedores apontam que, em muitos casos, as pessoas que perambulam pelas ruas próximas fazem pequenos furtos ou tentam se abrigar entre as bancas e veículos estacionados. “Ontem à noite, eu vi um grupo perto das barracas e avisei a outros feirantes. Eles estavam mexendo em um carro, mas ninguém queria se aproximar para não ter problemas”, contou outra feirante que preferiu não se identificar. A suspeita é que esse mesmo grupo possa ter causado o incêndio.
Prejuízos e dificuldades para recomeçar
Além das bancas destruídas, o carro queimado também pertencia a um dos feirantes, que o utilizava para transportar mercadorias. “Era o meu único meio de trabalho. Como vou refazer tudo isso agora?”, lamentou José Roberto, que calcula que apenas os itens danificados no incêndio somem mais de R$ 10 mil em prejuízos. “Perdemos o que tínhamos estocado para vender essa semana. Agora, vamos ter que lidar com isso e ainda buscar ajuda para recomeçar. É desanimador.”
Falta de policiamento e providências
O episódio acendeu o alerta para a falta de segurança pública na região da Praça do Trabalhador, onde a feira é realizada. O local é um dos pontos turísticos e comerciais mais conhecidos de Goiânia, reunindo milhares de visitantes aos finais de semana. Apesar disso, os feirantes reclamam de ausência de policiamento durante a madrugada e nos dias em que a feira não está ativa.
“A situação é crítica. Precisamos de segurança aqui, não apenas quando a feira está montada, mas todos os dias. A sensação é de abandono”, desabafou Marisa Lopes, que há 15 anos trabalha na Feira Hippie. Segundo ela, a insegurança já afastou clientes e tornou o dia a dia dos feirantes ainda mais complicado. “O risco é constante, e nós que somos comerciantes não sabemos mais a quem recorrer.”
Investigação em andamento
A Polícia Civil iniciou uma investigação para apurar as causas do incêndio e identificar os responsáveis. “Vamos analisar imagens de câmeras de segurança instaladas na área para tentar rastrear a movimentação de pessoas nas proximidades no momento do incidente”, informou o delegado Luiz Carlos Pereira, responsável pelo caso.
A perícia foi realizada no local, e restos das bancas e do veículo foram recolhidos para análise. Segundo informações preliminares, há indícios de que o fogo tenha sido iniciado de maneira intencional. As autoridades não descartam a hipótese de vandalismo ou até mesmo uma retaliação contra feirantes que, segundo relatos, já tentaram afastar usuários de drogas da área.
Feirantes organizam protesto e pedem ajuda
Diante do ocorrido, um grupo de feirantes decidiu organizar um protesto em frente à Secretaria Municipal de Segurança Pública, reivindicando mais policiamento e apoio para a reconstrução das barracas atingidas. A ideia é também levar ao conhecimento das autoridades locais as condições de insegurança na feira e buscar soluções definitivas para a proteção dos comerciantes e visitantes.
Além disso, uma vaquinha online foi lançada para ajudar os trabalhadores a recuperarem parte das mercadorias e reerguerem suas bancas. “O apoio dos clientes e da comunidade será essencial para nos ajudar a nos reerguer. Só queremos condições para trabalhar em paz”, declarou um dos organizadores.
Impacto na maior feira a céu aberto da América Latina
A Feira Hippie é um dos maiores atrativos comerciais e culturais de Goiânia, reunindo cerca de 6 mil bancas e atraindo milhares de visitantes todos os sábados e domingos. O incidente coloca em evidência a necessidade de políticas de segurança mais eficazes para proteger esse patrimônio econômico e social da cidade.
Com os prejuízos estimados e a insegurança crescente, muitos feirantes temem que episódios como este afastem ainda mais os consumidores e tornem a retomada das vendas, após o incidente, ainda mais difícil. As autoridades municipais, até o momento, não se pronunciaram oficialmente sobre o ocorrido ou sobre medidas para melhorar a segurança no local.
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