Idosa de 85 Anos Abandonada em Goiânia Morre Após Maus-Tratos
Filho advogado é investigado por abandono e exploração financeira da mãe, que faleceu devido às condições deploráveis em que foi encontrada.

Uma idosa de 85 anos, que havia sido abandonada em estado crítico no Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais) Jardim América, em Goiânia, faleceu na manhã desta quarta-feira (9) na Santa Casa de Misericórdia. A informação foi confirmada pelo delegado responsável pelo caso, Alexandre Bruno. A vítima apresentava quadro grave de desnutrição, lesões pelo corpo e dificuldades respiratórias quando foi deixada na unidade de saúde pelo próprio filho, um advogado de 58 anos.
Segundo o delegado, a morte da idosa foi consequência dos maus-tratos sofridos, que debilitaram severamente sua saúde. A Polícia Civil já está trabalhando no pedido de prisão preventiva do advogado, que é investigado por crimes de maus-tratos com resultado morte, abandono de incapaz e exploração financeira. Caso condenado, ele pode enfrentar pena de até 15 anos de reclusão.
O caso veio à tona quando uma assistente social do Cais Jardim América acionou a polícia, relatando que a idosa havia sido deixada na unidade por uma pessoa não identificada, em condições alarmantes: desnutrida, com múltiplas lesões, suja e com dificuldades para respirar. A equipe médica não conseguiu obter informações da paciente, que estava sem condições cognitivas para se comunicar.
A identificação da vítima foi possível graças ao trabalho da Superintendência de Identificação Humana da Polícia Civil, que localizou dois possíveis filhos da idosa. O advogado, ao ser encontrado em seu apartamento no Setor Oeste de Goiânia, alegou que cuidava da mãe da melhor forma possível, mas, diante da piora no estado de saúde dela, decidiu deixá-la no Cais dois dias antes, com a intenção de visitá-la posteriormente.
Durante a inspeção no apartamento, os policiais constataram condições insalubres: odor forte de fezes e urina, além da ausência de alimentos básicos. O advogado foi preso em flagrante, mas liberado após audiência de custódia. Agora, com o falecimento da idosa, a polícia busca sua prisão preventiva.
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) acompanhou a operação e esclareceu que, apesar de a prisão não ter relação direta com o exercício da advocacia, está apurando o caso para garantir o amplo direito de defesa e o contraditório, além de fiscalizar o cumprimento dos preceitos éticos da profissão.
Este trágico episódio ressalta a importância da atenção e cuidado com os idosos, especialmente por parte de familiares próximos, e levanta questões sobre a responsabilidade legal e moral no tratamento de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Nota da OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO), por meio do Sistema de Defesa das Prerrogativas (SDP), acompanhou nesta terça-feira (1º de abril) a Operação Indignus, que supostamente envolve um advogado. A Seccional esclarece que, apesar de a prisão não ter relação com o exercício da advocacia, apura todas as infrações que chegam ao seu conhecimento, visando garantir o amplo direito de defesa e o contraditório.
A OAB-GO reforça que esse acompanhamento visa resguardar as prerrogativas profissionais e fiscalizar o cumprimento dos preceitos éticos da advocacia. Por fim, informa que não comenta eventuais prisões ou condenações de seus inscritos.
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