IBGE apresenta resultados do Censo sobre Favelas: avanço histórico na visibilidade e inclusão das comunidades
Estudo inédito feito com apoio da CUFA e Data Favela revela dados fundamentais para o desenvolvimento de políticas públicas focadas em milhões de brasileiros.
Em um marco sem precedentes para as comunidades de favelas do Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apresentará hoje os resultados do Censo 2022 sobre favelas. Realizado em colaboração com a CUFA (Central Única das Favelas) e o Instituto Data Favela, o estudo — intitulado “Favela no Mapa” — é uma iniciativa histórica que traz para o centro das políticas públicas a realidade vivida por milhões de brasileiros. Esse levantamento é uma conquista de décadas de esforços por reconhecimento e validação dos moradores desses territórios e visa orientar ações governamentais mais alinhadas com as necessidades dessas comunidades.
O lançamento da iniciativa contou com a presença de lideranças importantes, incluindo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, que se juntou à diretoria nacional e regional do IBGE em eventos simbólicos realizados na favela de Heliópolis, em São Paulo, e no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Para Marcivan Barreto, presidente da CUFA São Paulo, a presença da ministra e de autoridades no território da favela representa um passo crucial na relação entre essas comunidades e o governo federal: “Receber a ministra e os diretores do IBGE no Helipa para iniciar esse projeto foi um marco. É um reconhecimento pelo qual as favelas lutam há muito tempo”, declarou.
Parceria para ampliar representatividade no Censo
Historicamente, a coleta de dados em favelas enfrenta altos índices de não resposta, devido a barreiras como a desconfiança dos moradores e a insegurança dos recenseadores. Esse ano, no entanto, a parceria entre IBGE, CUFA e Data Favela possibilitou uma mobilização mais efetiva, garantindo maior adesão dos moradores ao Censo. Para isso, foram realizados eventos comunitários e atividades de conscientização que abriram espaço para conversas diretas e esclareceram a importância do censo para a construção de políticas públicas. Com esse engajamento, foi possível mapear de maneira mais precisa os contextos e desafios das favelas brasileiras.
“Os dados deixam claro algo fundamental: é impossível imaginar o Brasil sem enxergar as favelas. Essas comunidades têm um poder de consumo expressivo e são contribuintes ativos. Esses moradores têm o direito de ser incluídos nas estatísticas e nas políticas públicas. Ignorá-los é privar milhões de brasileiros de oportunidades”, ressalta Renato Meirelles, fundador do Instituto Data Favela.
Reconhecimento cultural: mudança de “aglomerados subnormais” para “favelas”
Um dos avanços mais significativos do projeto foi a atualização do termo “aglomerados subnormais” para “favelas”. Sugerida pela CUFA e adotada pelo IBGE em 2024, essa mudança carrega um importante valor simbólico ao reconhecer a identidade e a história dessas comunidades, substituindo uma nomenclatura que reduzia a favela a um conceito técnico e pejorativo.
Para Preto Zezé, presidente da CUFA no Rio de Janeiro, essa mudança reflete a valorização da favela enquanto parte essencial da sociedade brasileira. “É um momento de orgulho, mas também de responsabilidade. Agradecemos ao presidente do IBGE e à ministra Simone Tebet por esse compromisso com a nossa história. Essa mudança é um reconhecimento ao valor cultural das favelas e ao papel que desempenham no Brasil.”
O impacto e o futuro das favelas no Brasil
Segundo dados preliminares, o estudo demonstra que a população de favelas no Brasil supera a de muitos estados, apontando que essas áreas são fundamentais para entender o desenvolvimento urbano do país. A apresentação dos resultados de hoje marcará o início de um ciclo de ações e políticas públicas específicas, permitindo que programas de saúde, segurança, infraestrutura e educação possam ser planejados de forma mais precisa e justa, refletindo as realidades e necessidades das favelas.
“Esse levantamento representa muito mais do que números: ele é um instrumento de transformação”, afirma Kalyne Lima, presidenta nacional da CUFA. “A CUFA esteve presente em cada etapa desse processo, e nossa expectativa é que essas informações se traduzam em ações que melhorem a qualidade de vida nas favelas.”
O evento desta tarde, que reunirá líderes da CUFA e representantes do IBGE, é um passo fundamental para que as favelas ocupem um lugar definitivo no mapa e no planejamento do Brasil.
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