Hospital Araújo Jorge estuda ampliação em área da PUC Goiás para fortalecer atendimento oncológico no Estado
Com negociações em estágio preliminar, hospital avalia a locação da Área IV da universidade, vizinha à unidade central, para ampliar estrutura de atendimento a pacientes oncológicos.

O Hospital de Câncer Araújo Jorge, mantido pela Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), confirmou estar em tratativas com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) para a possível locação da chamada Área IV da instituição de ensino, localizada no Setor Leste Universitário, em Goiânia. O espaço, estrategicamente posicionado em frente à Praça Universitária e ao lado da sede principal do hospital, é atualmente utilizado para atividades acadêmicas de diversos cursos da área da saúde.
A informação foi apurada por fontes ligadas à administração hospitalar e confirmada oficialmente pelo Araújo Jorge, que afirmou haver “uma conversa inicial e um estudo de viabilidade em andamento”. O objetivo da possível parceria seria a ampliação da estrutura de atendimento hospitalar, em especial para suprir a crescente demanda de pacientes oncológicos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Embora a negociação ainda não esteja formalmente concluída, interlocutores envolvidos no processo apontam que os diálogos entre a alta gestão do hospital, sob liderança do médico Alexandre Meneghini, e a reitoria da universidade, encontram-se em estágio considerado “avançado” nos bastidores.
Um espaço emblemático no coração universitário da capital
A Área IV da PUC Goiás, que integra o Câmpus I, é um dos principais polos acadêmicos da universidade. O complexo abriga cursos como Enfermagem, Nutrição, Psicologia e Fonoaudiologia — todos com forte interface com a área da saúde. Embora o curso de Medicina esteja concentrado na Área I, localizada em outra região da capital, a Área IV representa um ativo imobiliário estratégico, especialmente para instituições com foco assistencial e educacional.
A localização contígua ao Hospital Araújo Jorge é vista como ideal para uma eventual expansão da capacidade instalada, seja por meio da adaptação de prédios existentes, seja pela construção de novas estruturas especializadas em oncologia.
Alta demanda e protagonismo no tratamento oncológico
O Araújo Jorge é hoje o principal centro de tratamento do câncer no Estado de Goiás, com um histórico de excelência clínica e impacto direto na saúde pública regional. A instituição responde por aproximadamente 70% dos atendimentos oncológicos realizados pelo SUS em todo o estado, o que reforça sua importância estratégica no sistema de saúde goiano.
Segundo dados atualizados de 2024, 90% dos atendimentos realizados pelo hospital são financiados pelo SUS, sendo que 49,5% dos pacientes são oriundos da capital e 49,6% vêm do interior do estado. A pequena margem restante corresponde a atendimentos por convênios ou particulares, o que evidencia o caráter público e inclusivo da instituição.
Além da unidade-sede, o ACCG mantém o Instituto de Ensino e Pesquisa em Goiânia e a Unidade Oncológica de Anápolis, consolidando uma rede de atenção integral à oncologia. A demanda, no entanto, segue crescente, motivada pelo aumento de diagnósticos, pela interiorização dos casos e pela longevidade da população.
Expansão como resposta a um desafio nacional
A busca por novas estruturas físicas tem como pano de fundo não apenas o crescimento da demanda local, mas também um desafio nacional: a sobrecarga dos centros de referência oncológicos e os gargalos na oferta de tratamento especializado. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que mais de 700 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados no Brasil em 2025. Goiás acompanha essa tendência, com crescimento proporcional em sua população idosa e nos fatores de risco relacionados à doença.
Em nota, o hospital ressaltou que a negociação com a PUC ainda não resultou em nenhum acordo formal, mas reconheceu que existe um estudo técnico e financeiro sendo conduzido para avaliar a viabilidade da ocupação da área. A universidade, por sua vez, não se pronunciou publicamente até o momento, mas fontes internas ouvidas pela reportagem indicam abertura à proposta, desde que respeitadas as demandas institucionais e acadêmicas.
Educação, saúde e responsabilidade social: convergência possível
Caso a parceria avance, a expectativa é de que o projeto envolva integração entre assistência hospitalar e formação acadêmica, aproveitando as sinergias já existentes entre as instituições. Estudantes da PUC Goiás, por exemplo, frequentemente realizam estágios supervisionados no Hospital Araújo Jorge, o que pode ser intensificado com a ampliação física das instalações.
Para especialistas, a possível cessão de uso ou locação da Área IV também representa uma movimentação estratégica de longo prazo para ambas as entidades: a ACCG ampliaria sua capacidade de atendimento sem sair do eixo central de Goiânia; a PUC, por sua vez, poderia realocar cursos ou adaptar sua grade física, ao mesmo tempo em que reforçaria seu compromisso com a responsabilidade social e o serviço à comunidade.
Ainda em fase exploratória, a proposta de expansão do Araújo Jorge para a Área IV da PUC Goiás representa mais do que uma reorganização territorial: simboliza um esforço concreto para responder às crescentes demandas da oncologia no Brasil, articulando infraestrutura, gestão pública e vocação universitária. A eventual parceria pode se tornar modelo de integração entre educação e saúde, promovendo inovação, acesso e cuidado humanizado — pilares fundamentais para o futuro do sistema de saúde brasileiro.
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