Homem simula sequestro e tenta extorquir mãe em Montividiu: Polícia Militar desmonta farsa às margens do rio
Acusado enviou vídeos à mãe fingindo estar sob ameaça de facção criminosa; investigação revelou encenação e resultou na prisão dele e de comparsa. Caso expõe fragilidades familiares e reincidência criminal.
Um caso de falsa comunicação de crime, com contornos dramáticos e abusivos, mobilizou a Polícia Militar de Goiás no último domingo (22), no município de Montividiu, no norte do estado. Um homem de aproximadamente 30 anos foi preso após forjar o próprio sequestro com o intuito de extorquir R$ 800 da própria mãe, simulando uma situação de violência praticada por supostos integrantes de uma facção criminosa.
O golpe foi desarticulado após uma operação de inteligência da PM, que desconfiou da veracidade do caso desde o início. A mãe do suspeito procurou os militares após receber mensagens, vídeos e áudios em que o filho aparecia aparentemente sendo agredido. Nas gravações, outro homem afirmava que o jovem estaria sendo mantido refém por conta de uma dívida e que, se o valor exigido não fosse pago até o fim do dia, o filho seria morto.
Segundo o tenente-coronel Euler Filho, responsável pela condução da equipe, os policiais atuaram de forma discreta. “Descaracterizamos os uniformes e utilizamos veículo particular para preservar a investigação e evitar que os envolvidos fossem alertados da aproximação policial”, explicou.
Após diligências, o homem foi encontrado dormindo com o suposto sequestrador às margens do Rio Montividiu. Com eles, foram apreendidos quatro celulares — supostamente utilizados para fabricar a farsa — e uma pequena porção de maconha. Os dois foram detidos em flagrante.
Reincidência e extorsão
De acordo com a PM, o principal suspeito já possui antecedentes por estelionato, violência doméstica e tráfico de drogas. O delegado Carlos Roberto, que responde pelo caso, confirmou que ambos foram autuados por extorsão e permanecem detidos à disposição do Poder Judiciário. “Cabe agora ao juiz analisar os autos e decidir pela manutenção ou não da prisão preventiva”, declarou o delegado.
As investigações indicam que o filho atuou ativamente na produção dos vídeos e nas tratativas com a mãe. “Não houve dúvidas sobre a intencionalidade da fraude. É um caso de manipulação emocional e abuso de confiança extremamente grave”, reforçou Carlos Roberto.
O peso do drama familiar
Além do escândalo policial, o episódio lança luz sobre o desgaste emocional e a vulnerabilidade das relações familiares envolvidas. Especialistas em psicologia criminal, consultados pela reportagem, apontam que casos de autoextorsão são incomuns, mas geralmente ligados a contextos de dependência química, histórico de violência doméstica ou distúrbios de comportamento. “É a manipulação levada ao extremo. A mãe é transformada em vítima não apenas de um crime, mas de um laço familiar profundamente corrompido”, afirmou a psicóloga criminal Helena Matos, da Universidade Federal de Goiás.
Desdobramentos
Até o momento, os nomes dos envolvidos não foram oficialmente divulgados pelas autoridades, em conformidade com as diretrizes da Lei de Abuso de Autoridade (Lei nº 13.869/2019). A defesa dos acusados ainda não foi localizada para apresentar posicionamento.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil. A análise de dados dos celulares apreendidos poderá revelar outras possíveis tentativas de golpe com o mesmo modus operandi. A Promotoria de Justiça de Montividiu foi comunicada e deve acompanhar os desdobramentos jurídicos da prisão.
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