Goiás inicia semeadura da soja para a safra 2024/2025 após fim do vazio sanitário
Produtores goianos retomam o plantio nesta quarta-feira (25), focados na proteção fitossanitária e atentos aos riscos das queimadas.
A partir desta quarta-feira (25), os produtores rurais de Goiás estão liberados para dar início à semeadura da soja para a safra 2024/2025. O fim do vazio sanitário, previsto para a próxima terça-feira (24), marca o encerramento de um período crítico de 90 dias em que os agricultores ficaram proibidos de plantar ou manter plantas de soja em suas lavouras. A medida é parte da estratégia para combater a ferrugem asiática, uma das pragas mais devastadoras da sojicultura.
Vazio sanitário: estratégia essencial para o controle de pragas
O vazio sanitário, iniciado em 27 de junho, teve como principal objetivo interromper o ciclo da ferrugem asiática, prevenindo a proliferação do fungo Phakopsora pachyrhizi, responsável por grandes prejuízos em safras passadas. A presença das chamadas “tigueras”, plantas voluntárias de soja que germinam após a colheita, pode servir de hospedeira para o fungo, tornando-se um risco fitossanitário.
De acordo com a Instrução Normativa nº 02, de abril de 2022, emitida pelo Governo de Goiás através da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), a eliminação dessas plantas foi obrigatória durante o vazio sanitário. O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, enfatiza a importância desse período para manter Goiás entre os maiores produtores de soja do país.
“Se hoje Goiás se destaca em produção e produtividade na soja, isso se deve ao rigoroso trabalho de defesa agropecuária e à adesão dos produtores rurais às medidas fitossanitárias”, afirma Caixeta Ramos. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Goiás encerrou a safra 2023/2024 com 16,8 milhões de toneladas de soja, ficando em quarto lugar no ranking nacional, atrás de Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul.
Cadastro eletrônico das lavouras: um passo obrigatório
Além da retomada da semeadura, os produtores devem se atentar ao cumprimento do Cadastro Eletrônico das Lavouras, uma exigência da Instrução Normativa nº 06/2024. O cadastro deve ser realizado no Sistema de Defesa Agropecuário de Goiás (Sidago) e é obrigatório para todas as áreas plantadas com soja.
Os agricultores têm até 15 dias após o término do calendário de semeadura, em 02 de janeiro de 2025, para concluir o processo. Nele, devem ser incluídas informações detalhadas, como a área plantada, cultivar utilizada, data de plantio, previsão de colheita, além da identificação do responsável técnico pela lavoura e a origem das sementes.
A confirmação do cadastro ocorre apenas após o pagamento de uma taxa gerada pelo sistema. Sem essa validação, o produtor fica sujeito a sanções administrativas.
Queimadas e clima: atenção redobrada para a safra
Além das questões fitossanitárias, a safra 2024/2025 enfrenta um outro desafio importante: as queimadas, que se intensificam durante o período de seca. Segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado, os produtores precisam avaliar as condições pós-queimada em suas áreas de plantio, já que os efeitos do fogo podem alterar o manejo do solo.
“O produtor deve analisar cuidadosamente a área atingida por queimadas, pois, em alguns casos, será necessário ajustar o plantio de acordo com o impacto no solo, seja ele descoberto ou prejudicado pela cinza”, explica Machado.
A gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, destaca a importância de monitorar as condições meteorológicas antes de iniciar o plantio. Ela recomenda que os produtores consultem fontes confiáveis de previsão do tempo para garantir o melhor momento de iniciar o cultivo.
“Planejar a semeadura de acordo com as condições climáticas é uma maneira eficaz de minimizar riscos e evitar prejuízos”, ressalta Daniela, reforçando que o uso de sistemas de previsão pode ajudar no planejamento da soja sequeiro, especialmente em áreas sem irrigação.
Expectativas para a safra 2024/2025 em Goiás
Com o fim do vazio sanitário e o início da semeadura, as expectativas para a nova safra de soja em Goiás são altas. A soja continua sendo um dos pilares da economia agrícola do estado, representando não apenas um produto de exportação, mas também um símbolo da força do agronegócio goiano.
A adesão dos produtores às boas práticas agrícolas, como o cumprimento do cadastro de lavouras, o manejo adequado das áreas de plantio e o combate efetivo às pragas, são elementos fundamentais para que Goiás continue crescendo no cenário nacional e internacional da soja.
Em meio aos desafios climáticos e fitossanitários, a safra 2024/2025 promete reafirmar a importância de uma agricultura responsável e tecnicamente preparada. E, assim como nas safras anteriores, o sucesso dependerá tanto da tecnologia quanto do comprometimento do produtor rural goiano.
Fontes de apoio: Agrodefesa, Conab, Faeg, Instrução Normativa nº 02/2022, Instrução Normativa nº 06/2024, Sistema de Defesa Agropecuário de Goiás (Sidago).
