Goiânia enfrenta crise nos cemitérios: enterros dependem de doações e vaquinhas
Sem materiais básicos para sepultamentos, Prefeitura recorre a medidas emergenciais enquanto cemitérios sofrem com abandono e vandalismo.

A cidade de Goiânia enfrenta uma crise alarmante em seus cemitérios municipais. A escassez de materiais essenciais como cimento, areia e tijolos tem forçado a Prefeitura a recorrer a doações e vaquinhas entre secretários para viabilizar sepultamentos. Enquanto isso, o abandono estrutural de locais como o Cemitério Parque, no Setor Gentil Meireles, expõe ossadas e revolta familiares.
Enterros Dependem de Solidariedade
Desde março, a Secretaria de Gestão de Negócios e Parcerias (Segen) tenta adquirir emergencialmente materiais de construção para os cemitérios. O processo, estimado em R$ 62 mil, visa suprir as necessidades por seis meses. No entanto, até o momento, a compra não foi concluída, e a previsão é de que ocorra nas próximas semanas. Enquanto isso, enterros têm sido realizados com materiais doados ou adquiridos por meio de vaquinhas entre secretários municipais.
“Tem dinheiro? Até que tem, mas não tem como comprar. Em cinco meses de governo não tem como fazer uma licitação”, afirmou o secretário José Silva Soares Neto.
Cemitério Parque: Um Retrato do Abandono
O Cemitério Parque, um dos principais da capital, apresenta um cenário de completo abandono. Obras de reforma iniciadas em 2022 foram interrompidas, deixando muros inacabados e facilitando a entrada de vândalos. O resultado são túmulos depredados, ossadas expostas e acúmulo de lixo.
Em fevereiro, uma reportagem do jornal O Hoje destacou a negligência no local, com denúncias de violação de túmulos e falta de segurança. A situação é agravada pela ausência de manutenção adequada, apesar de a Comurg afirmar que realiza limpeza periódica nos cemitérios.
Famílias Indignadas
Casos como o da jornalista Janete Ferreira Rodrigues Silva, que encontrou o túmulo da mãe destruído após o Dia de Finados, exemplificam a indignação das famílias. Janete acionou a Justiça, e uma perícia constatou que os restos mortais permaneciam no local, mas o túmulo continuava depredado.
“Isso que eles fizeram hoje já poderia ter ocorrido antes, para que não houvesse nenhum risco de subtração de restos mortais”, lamentou Janete.
Medidas Prometidas
A Prefeitura promete ações para reverter a situação. Além da compra emergencial de materiais, está em curso uma licitação para aquisição regular de insumos. Quanto ao Cemitério Parque, a administração estuda firmar um termo de cooperação para viabilizar a reforma do muro, embora ainda dependa de planejamento técnico detalhado.
Enquanto isso, a população aguarda por soluções concretas que garantam dignidade aos sepultamentos e respeito à memória dos entes queridos.
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