Goiânia define novos gestores para as maternidades municipais e empenha R$ 38 milhões em contratos de emergência
Instituto Patris, Sociedade Beneficente São José e AHBB assumem as três unidades entre as próximas semanas; decisão ocorre após crise com a Fundahc e promessa de redução de custos e ampliação da eficiência na gestão

A Prefeitura de Goiânia firmou contratos emergenciais com três Organizações Sociais (OSs) para administrar as maternidades públicas da capital: Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI), Hospital Municipal e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e Maternidade Nascer Cidadão (MNC). Os termos de colaboração, com duração inicial de três meses, totalizam R$ 38 milhões já empenhados, segundo dados do Portal da Transparência.
O Instituto Patris será responsável pelo HMDI, com um repasse de R$ 16,7 milhões. A Sociedade Beneficente São José (HBSJ) assume a gestão do HMMCC com um valor de R$ 15,3 milhões, enquanto a Associação Hospital Beneficente do Brasil (AHBB) ficará à frente da MNC, com repasse de R$ 5,9 milhões. Juntas, as unidades custarão cerca de R$ 12,6 milhões mensais ao município.
Troca de gestão ocorre após crise com a Fundahc
A medida emergencial foi adotada após o rompimento do vínculo entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), ligada à Universidade Federal de Goiás (UFG). A entidade enfrentava dificuldades operacionais e financeiras crescentes, atribuídas a atrasos nos repasses da prefeitura, que, segundo a Fundahc, somavam mais de R$ 148 milhões em passivos acumulados.
A gravidade da situação levou o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) a conceder tutela antecipada obrigando o município a realizar os pagamentos atrasados e manter os contratos vigentes até transição segura. A decisão judicial atendeu a uma ação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), que já vinha apurando irregularidades nos contratos e atrasos sistemáticos desde 2021.
Atendimentos comprometidos e estrutura colapsada
O colapso operacional resultou no fechamento de leitos de UTI, suspensão de cirurgias eletivas e restrição de atendimentos a casos de urgência. Em diversos relatos de servidores e pacientes, foram apontadas falhas graves, como ausência de insumos básicos, alimentação precária, e salários em atraso.
O Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde-GO) denunciou publicamente a precariedade nas condições de trabalho e os riscos à segurança dos profissionais e usuários das maternidades. Em meio à crise, recém-nascidos e gestantes ficaram expostos a situações críticas, enquanto profissionais de saúde relataram trabalhar em condições insustentáveis.
OSs escolhidas atuam fora de Goiás
Das entidades contratadas emergencialmente, duas são sediadas em São Paulo — HBSJ e AHBB — e não possuem histórico consolidado em Goiás. Já o Instituto Patris, com sede no Mato Grosso, possui atuação prévia no estado e atualmente administra o Hospital Estadual de Luziânia (HEL), assumido em 2022. A organização também já participou de seleções públicas para a gestão do Hospital de Urgências de Goiás (HUGO), do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) e do Hospital de Santa Helena (Herso).
A escolha das OSs foi feita por meio de chamamento público com critérios técnicos simplificados, dada a urgência da transição e o risco de interrupção dos atendimentos obstétricos na capital.
Contratos temporários e incertezas
A expectativa da Prefeitura de Goiânia é que os novos contratos emergenciais permitam uma transição gradual para novos termos de colaboração definitiva. A gestão municipal também projeta redução de custos mensais, dos atuais R$ 20,6 milhões pagos à Fundahc, para valores entre R$ 12,5 e R$ 14,3 milhões.
Apesar da nova composição, a transição apresenta desafios significativos: reestruturação administrativa, regularização de insumos, recomposição de equipes, renegociação de contratos com fornecedores e recuperação da confiança da população nos serviços públicos de saúde.
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