Goiânia alcança superávit primário de R$ 773 milhões até outubro — Prefeitura projeta fechar 2025 com recorde histórico
Resultado decorre de ajuste financeiro rigoroso e controle de gastos; receita de R$ 8,3 bilhões contrasta com despesas liquidadas de R$ 7,4 bilhões, reforçando a meta de superávit de R$ 1 bilhão ao final do ano.

A Prefeitura de Goiânia reportou um superávit primário de R$ 773 milhões entre janeiro e outubro de 2025, segundo o mais recente Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) — documento publicado na edição de sexta-feira (28) do Diário Oficial do Município (DOM). O desempenho consolida a recuperação fiscal da capital e representa um dos melhores resultados dos últimos anos.
No período, a arrecadação alcançou R$ 8,3 bilhões. As despesas empenhadas somaram R$ 9,1 bilhões, mas os gastos efetivamente liquidados e pagos ficaram em R$ 7,4 bilhões e R$ 7,3 bilhões, respectivamente. A diferença entre a receita realizada e a despesa liquidada resultou em superávit orçamentário de R$ 827 milhões. Considerando os pagamentos realizados até o momento, o município alcançou o superávit primário informado. Com as perspectivas de arrecadação para os últimos dois meses do ano e de manutenção do controle de despesas, a administração projeta fechar 2025 com um superávit total próximo a R$ 1 bilhão — o maior da história recente da capital, conforme avaliação do Executivo.
Dado o caráter primário, o resultado não contempla os desembolsos relativos a juros e amortização da dívida pública nem os gastos com o regime de previdência municipal (RPPS), elementos que impactam o resultado financeiro real.
De déficit a superávit: trajetória de ajuste
O salto no resultado orçamentário contrasta com o comportamento das contas em anos recentes. Em 2021, primeiro ano da gestão do então prefeito, o superávit primário foi de R$ 170 milhões; em 2022, subiu para R$ 610 milhões. Contudo, 2023 registrou redução drástica, com superávit de apenas R$ 31 milhões. Em 2024, marcado por compromissos eleitorais e pela conclusão de mandato, o município fechou o exercício com déficit primário de R$ 166 milhões. O atual superávit representa, portanto, uma inversão significativa desse ciclo de instabilidade.
A atual gestão apontou que os resultados decorrem de medidas de contenção de despesas e de ajustes estruturais: ao assumir o Executivo, a Prefeitura instituiu decretos de calamidade nas áreas financeira e da saúde, aprovados pela Assembleia Legislativa de Goiás, com prorrogação até o fim do ano. O conjunto de medidas visou dar fôlego às contas municipais, renegociar compromissos antigos e reordenar prioridades orçamentárias.
Orçamento sob novas projeções e críticas de cautela
Com base no planejamento vigente, a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 previa receita e despesa de R$ 10,6 bilhões — número considerado ambicioso pela atual administração, diante da conjuntura de menor arrecadação e de passivos herdados. Para 2026, o Executivo propõe receita e despesas de R$ 10,4 bilhões, projeção vista com desconfiança por parte de vereadores da oposição, que apontam para risco de subdimensionamento das demandas sociais e de infraestrutura da capital.
A tramitação da proposta orçamentária e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) 2026, que deveria já estar concluída, segue emperrada na Câmara Municipal, em meio a disputas políticas e questionamentos sobre a real situação fiscal da cidade.
O que o superávit significa — e o que permanece sob risco
Para a Prefeitura, o superávit reforça a capacidade de retomar investimentos, honrar compromissos e equilibrar as finanças sem depender exclusivamente de empréstimos ou transferências extraordinárias. A expectativa é que, com recursos liberados, áreas como saúde, educação e infraestrutura urbana retornem a receber atenção prioritária.
No entanto, especialistas em finanças públicas alertam que o fato de o superávit ser primário — isto é, sem descontar os encargos da dívida — exige cautela. Caso a Prefeitura não mantenha rigidez no controle de gastos ou enfrente pressões de despesa no final do ano, o resultado real pode ser substancialmente reduzido. Além disso, o déficit acumulado em anos anteriores, especialmente os passivos relacionados à previdência e dívidas da administração passada, continuam pendentes de recomposição estrutural.
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