Fraude no ponto eletrônico: Servidores da Prefeitura de Goiânia são alvos de operação da Polícia Civil
Esquema teria funcionado por mais de um ano e envolvia falsificação de registros de frequência; suspeitos podem responder por estelionato e falsidade ideológica

A Polícia Civil de Goiás deflagrou, na manhã desta sexta-feira (14), a Operação Le Grand, que investiga um esquema de fraude no ponto eletrônico dentro da Secretaria Municipal de Finanças de Goiânia. Onze servidores são suspeitos de registrar presença mesmo sem comparecer ao trabalho, o que configura falsidade ideológica e estelionato, já que receberam salários de maneira irregular.
De acordo com as investigações, o esquema funcionava desde o início de 2023 e consistia na troca de favores entre servidores: quando um deles se atrasava ou faltava ao trabalho, pedia para um colega registrar seu ponto eletrônico. As evidências indicam que a fraude ia além dos simples atrasos, com alguns servidores mantendo registros ativos mesmo durante férias e afastamentos prolongados.
Origem da investigação
O esquema foi descoberto como desdobramento de outra investigação, que apurava um grupo criminoso envolvido na venda ilegal de imóveis em Goiânia. Durante a análise de mensagens e documentos apreendidos, a Polícia Civil encontrou indícios de que um dos investigados, que era servidor da Prefeitura, participava de uma rede de irregularidades no ponto eletrônico.
O delegado Rômulo Figueiredo de Mattos, responsável pelo caso, afirmou que sete servidores já foram identificados, mas há indícios de que pelo menos quatro outros também participavam do esquema. A operação cumpriu sete mandados de busca e apreensão para coletar provas adicionais.
“As conversas analisadas mostraram que o grupo tinha um código para justificar a falta de registro. Durante as férias, por exemplo, usavam um comando para impedir que o sistema registrasse a ausência, garantindo que o pagamento continuasse normalmente”, explicou o delegado.
Prefeitura se posiciona
A Prefeitura de Goiânia divulgou nota afirmando que apoia integralmente a investigação da Polícia Civil e se coloca à disposição para colaborar com o processo. A administração municipal destacou que, caso as irregularidades sejam confirmadas, medidas disciplinares serão tomadas contra os envolvidos.
Possíveis punições
Caso sejam condenados, os servidores envolvidos podem responder por falsidade ideológica (artigo 299 do Código Penal), que prevê pena de um a cinco anos de reclusão, e por estelionato contra a administração pública (artigo 171, § 3º), que pode resultar em quatro a oito anos de prisão, além de multa.
A Polícia Civil segue investigando o caso para determinar se há outros servidores ou superiores hierárquicos envolvidos.
Nota da Prefeitura de Goiânia
“A Prefeitura de Goiânia apoia integralmente todas as investigações conduzidas pela Polícia Civil do Estado de Goiás. O compromisso da administração municipal é com a transparência, a ética e a correta aplicação dos recursos públicos. A prefeitura se coloca à disposição da PC para colaborar com as investigações.”
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