Festas juninas mais baratas, mas com armadilhas: variação de preços em Goiânia chega a 341% e acende alerta de consumo consciente
Levantamento do Procon Goiânia revela disparidades gritantes nos preços de itens típicos em seis estabelecimentos da capital. Apesar da queda no custo total da cesta junina, produtos como canjica e fubá tiveram aumentos de mais de 300% entre um ponto de venda e outro. Especialistas apontam falta de regulação e pedem mais transparência ao consumidor.

Com a proximidade das festas juninas, os consumidores goianienses estão indo às compras em busca de produtos tradicionais como canjica, milho de pipoca, fubá, cachaça e doces típicos. Mas o que deveria ser uma época de celebração e fartura popular vem exigindo atenção redobrada: uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (09) pelo Procon Goiânia identificou variações de preços que ultrapassam 340% em alguns itens.
O levantamento, realizado entre os dias 6 e 9 de junho em seis estabelecimentos comerciais da capital, escancara as disparidades de valores cobrados por produtos idênticos, tanto em supermercados quanto em mercearias e mercados de bairro.
Diferença que pesa no bolso: da canjica ao pão de cachorro-quente
O maior exemplo de oscilação foi a canjica amarela, que apareceu com preços entre R$ 2,49 e R$ 10,99, uma variação de impressionantes 341,37%. O fubá, base de bolos e mingaus típicos, variou de R$ 1,99 a R$ 7,69 (286,43%). Já o quilo do pão de cachorro-quente, comum em quermesses escolares e comunitárias, foi encontrado por valores entre R$ 7,49 e R$ 22,90 (205,74%).
Outros produtos também apresentaram variações gritantes:
- Cachaça: de R$ 6,98 a R$ 19,90 (185,10%)
- Batata-doce: entre R$ 1,88 e R$ 4,99 (165,42%)
- Milho para pipoca (500g): de R$ 4,17 a R$ 5,99 (43,65%)
- Leite condensado: R$ 4,99 a R$ 6,99 (40,08%)
Produtos mais estáveis, como o leite de coco (variação de 22,78%), leite integral (27,72%) e maçã gala (36,52%), foram exceções num cenário de ampla flutuação de preços.
Junino mais barato em 2025, mas com pegadinhas
Apesar das disparidades entre estabelecimentos, os dados do Procon revelam uma redução de 33,97% no valor mínimo da cesta junina em comparação com 2024. Considerando os menores preços levantados, o gasto total com os principais itens caiu de R$ 288,50 no ano passado para R$ 190,50 em 2025.
A explicação para essa queda, segundo especialistas, está ligada ao recuo em algumas cadeias de insumos agrícolas e ao efeito inflacionário mais controlado no primeiro semestre do ano. No entanto, os valores seguem altamente dependentes da rede varejista escolhida, o que pode gerar ilusões de economia.
“Em termos médios, houve uma queda real, sim. Mas a variação percentual dos preços entre estabelecimentos mostra que quem não pesquisa pode pagar muito mais por um mesmo produto. Isso revela que a competição entre mercados ainda é desigual e pouco transparente”, analisa o economista e professor da UFG, Márcio Ferreira.
Regulação falha e desafios à proteção do consumidor
Para o coordenador do Procon Goiânia, Wesley Borges, o levantamento reforça o papel do órgão como “fiscalizador e orientador”, mas ele reconhece que a legislação atual tem limites. “Os comerciantes têm liberdade para precificar, desde que os produtos estejam em conformidade e com etiquetas visíveis. Nosso alerta é para que o consumidor se torne mais atento, sobretudo em épocas de grande consumo popular”, disse.
Ele também destaca a importância de verificar a validade, a integridade da embalagem e as condições de armazenamento, principalmente de produtos perecíveis.
Dicas para não cair em armadilhas juninas
O Procon e entidades de defesa do consumidor reforçam orientações para quem deseja economizar sem abrir mão da segurança alimentar:
- Pesquise em diferentes estabelecimentos antes de comprar;
- Evite compras por impulso, sobretudo em produtos promocionais;
- Observe a validade e a integridade da embalagem;
- Prefira produtos com rotulagem clara e de marcas conhecidas;
- Priorize mercados com histórico positivo em órgãos de fiscalização.
Resumo da Variação de Preços – Pesquisa Procon Goiânia (junho/2025)
Produto | Menor Preço | Maior Preço | Variação (%) |
---|---|---|---|
Canjica amarela | R$ 2,49 | R$ 10,99 | 341,37% |
Fubá | R$ 1,99 | R$ 7,69 | 286,43% |
Pão de cachorro-quente | R$ 7,49 | R$ 22,90 | 205,74% |
Cachaça | R$ 6,98 | R$ 19,90 | 185,10% |
Batata-doce | R$ 1,88 | R$ 4,99 | 165,42% |
Pipoca (500g) | R$ 4,17 | R$ 5,99 | 43,65% |
Leite condensado | R$ 4,99 | R$ 6,99 | 40,08% |
Maçã gala (kg) | R$ 10,88 | R$ 14,99 | 36,52% |
Leite integral (1L) | R$ 4,69 | R$ 5,99 | 27,72% |
Leite de coco (200ml) | R$ 4,39 | R$ 5,39 | 22,78% |
Festa junina sem susto no orçamento
Enquanto os arraiais se espalham pela capital e o cheiro de milho e amendoim toma conta das ruas, o recado do Procon Goiânia é claro: celebrar, sim — mas com consciência de consumo. A alegria típica das festas de junho não precisa ser comprometida por preços injustos. E o melhor remédio contra isso, como sempre, é informação.
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