Feminicídio na zona rural de Goiás: trabalhador rural mata companheira e tenta justificar crime com suposto envenenamento
Homem de 50 anos foi preso em flagrante após matar companheira com tiro de espingarda em Vila Propício. Delegado desconfia de tentativa premeditada e apura versão apresentada por ele sobre suposto envenenamento.

Um crime brutal chocou moradores da zona rural de Vila Propício, no Centro de Goiás, na última terça-feira (1º). Um trabalhador rural de 50 anos foi preso em flagrante sob acusação de feminicídio, após matar a companheira, de 34 anos, com um tiro de espingarda na região abdominal. O crime ocorreu dentro da residência do casal, em uma fazenda do município. Em depoimento à Polícia Civil, o homem afirmou ter agido sob efeito de veneno supostamente colocado pela vítima em um suco que ela teria lhe servido momentos antes do disparo.
A versão apresentada pelo suspeito, no entanto, é tratada com cautela pela equipe de investigação. De acordo com o delegado Marco Antônio Maia, responsável pelo caso, o local do crime foi encontrado incomumente limpo, o que levantou suspeitas de possível tentativa de manipulação da cena.
“A área foi aparentemente higienizada. Isso dificultou a coleta de vestígios, mas conseguimos localizar resíduos de um herbicida compatível com o que ele teria ingerido. Ainda assim, o tipo de substância encontrada não tem poder letal imediato, o que contraria a tese de envenenamento fatal”, explicou o delegado em entrevista exclusiva.
Funcionários testemunharam o caos após o disparo
Relatos de funcionários da fazenda onde o casal residia foram fundamentais para reconstituir os primeiros momentos após o crime. Eles disseram ter ouvido um disparo e, ao correrem para a casa, se depararam com o corpo da mulher enrolado em uma toalha e o suspeito vomitando. O genro do acusado, marido de uma filha dele de outro relacionamento, foi acionado por vizinhos e levou o suspeito a um hospital em Goianésia, distante cerca de 31 quilômetros do local do crime.
O corpo da vítima foi deixado na residência, e o dono da fazenda acionou as autoridades. A Polícia Civil iniciou as diligências imediatamente após a denúncia.
Prisão em flagrante no hospital
A prisão do suspeito foi efetuada ainda no hospital. Segundo a polícia, ele apresentava sinais de intoxicação, mas se recuperou sem necessidade de transferência. “Deixamos claro ao hospital que o fato de ele estar custodiado não impediria uma transferência, caso fosse clinicamente necessária”, acrescentou Marco Antônio.
Durante o interrogatório, o homem alegou ter ingerido um suco preparado pela companheira. Minutos depois, segundo ele, a mulher teria afirmado que o envenenou, o que teria motivado o disparo fatal. A polícia, no entanto, considera essa versão contraditória.
“A investigação revelou que, mais cedo naquele dia, o suspeito esteve em outras fazendas procurando veneno de rato. Não conseguiu, mas encontrou um herbicida utilizado para matar mato. Esse mesmo produto foi detectado na perícia”, afirmou o delegado.
Histórico de violência e motivação em apuração
A motivação do crime segue sob investigação. Não há, até o momento, registro anterior de violência doméstica formalizado por parte da vítima. A Polícia Civil investiga se houve premeditação, especialmente devido à suspeita de que o acusado teria tentado criar uma narrativa para justificar o assassinato.
O homem, que recebeu alta médica ainda na semana do crime, permanece preso e vai responder pelos crimes de feminicídio e posse ilegal de arma de fogo. A espingarda utilizada no assassinato foi apreendida e passará por perícia balística.
O combate ao feminicídio e o papel das autoridades
Casos como esse reforçam a urgência da implementação de políticas públicas mais eficazes de prevenção à violência contra a mulher em áreas rurais, onde o acesso a canais de denúncia e proteção ainda é precário. Goiás tem registrado aumento de casos de feminicídio, o que exige ação integrada entre os órgãos de segurança, Justiça e assistência social.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado acompanha o caso, e a Polícia Civil segue colhendo depoimentos para elucidar todos os detalhes que possam comprovar a motivação e eventuais agravantes do crime.
Se você está em situação de violência doméstica, denuncie. Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher) ou procure a Delegacia Especializada mais próxima. Seu silêncio não protege. Sua voz, sim.
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