Feminicídio em série de tragédias: jovem é morta a facadas por cliente em distribuidora de bebidas em Goiânia
Ellen Cristina Caetano, de apenas 19 anos, foi assassinada após substituir colega que havia sido ameaçada. Câmeras registraram ataque brutal; suspeito foi preso escondido em mata.
Uma tarde comum de trabalho se transformou em tragédia em Goiânia. Ellen Cristina Caetano, jovem de apenas 19 anos, foi assassinada de forma brutal por um homem de 43 anos, identificado como Helber Silvino de Freitas Lopes, dentro de uma distribuidora de bebidas na Vila Redenção, na última segunda-feira (12). O crime chocou a cidade não apenas pela violência, mas também por sua motivação covarde: a substituição de uma colega de trabalho que havia sido ameaçada momentos antes.
Segundo a Polícia Civil de Goiás, Ellen não era o alvo inicial. A jovem assumiu o lugar da colega no caixa após ela relatar que havia sido assediada, xingada e ameaçada com um suposto tiro por Helber, que estava visivelmente alterado pelo consumo de álcool. A atitude de Ellen foi de empatia e coragem, mas lhe custou a vida.
“Ela foi chamada pela colega, que estava muito nervosa após o homem ameaçá-la de morte. Ellen trocou de lugar com ela, que se escondeu temendo um ataque. Infelizmente, foi Ellen quem pagou o preço”, relatou o delegado Eduardo Carrara, responsável pelo caso.
Ataque premeditado e fuga frustrada
Imagens captadas pelo sistema de câmeras de segurança do estabelecimento mostram o momento exato em que Helber retorna ao local, após supostamente ter adquirido a faca em uma ferragista próxima, segundo testemunhas. Ele entra com pressa, procura pela funcionária anterior e, ao não encontrá-la, parte para cima de Ellen, que tenta escapar pulando o balcão. A sequência de golpes é rápida e fatal.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, Ellen teve a morte constatada ainda no local, antes que pudesse receber atendimento médico.
Após o crime, Helber fugiu para uma área de mata, onde foi encontrado pela Polícia Militar e preso em flagrante. Ele afirmou, em depoimento, que teria agido em “legítima defesa”, alegação que foi imediatamente refutada pela Polícia Civil diante das evidências registradas pelas câmeras e dos relatos de testemunhas.
Contexto de violência e impunidade
A colega de Ellen, uma adolescente de 17 anos, prestou depoimento à polícia com forte abalo emocional. Em seu relato, contou ter sido assediada pelo homem, que tentou agarrá-la, a xingou e ameaçou atirar em seu rosto. “Ele dizia que ia me dar um tiro na cara. Eu estava apavorada”, disse, em lágrimas, à equipe da delegacia.
A polícia trabalha com a hipótese de feminicídio, agravado por motivo fútil e por impossibilidade de defesa da vítima. O delegado Carrara também destacou que o histórico do suspeito está sendo levantado, para verificar possíveis antecedentes de violência doméstica, crimes sexuais ou ameaça.
Repercussão e pedido de justiça
Nas redes sociais, familiares, amigos e colegas de trabalho de Ellen lamentaram profundamente a perda da jovem, que era descrita como “doce, prestativa e trabalhadora”. A distribuidora onde ela trabalhava suspendeu o atendimento por tempo indeterminado e emitiu uma nota pedindo respeito e justiça.
Entidades ligadas aos direitos das mulheres, como a Rede Goiana de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, classificaram o caso como “mais um capítulo doloroso de uma epidemia silenciosa de feminicídios no Brasil”.
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, Goiás registrou 98 casos de feminicídio em 2023, com crescimento significativo em áreas urbanas. A maioria das vítimas tinha entre 18 e 25 anos.
Desfecho ainda em curso
Helber Silvino permanece detido e deve passar por audiência de custódia nesta semana. A Polícia Civil informou que deve concluir o inquérito nos próximos dias, com o indiciamento por feminicídio qualificado, cuja pena pode chegar a 30 anos de prisão em regime fechado.
A família de Ellen pediu respeito à dor e cobrou celeridade no julgamento. O corpo da jovem foi velado nesta terça-feira (13) sob comoção em uma capela da região sul de Goiânia. Em meio a flores, abraços e lágrimas, ficou um apelo uníssono: “Que a morte de Ellen não seja em vão.”
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