Feminicídio em Caldas Novas: Câmeras registram chegada de ex-companheiro antes de assassinato brutal de jovem de 24 anos
Vídeo revela que suspeito entrou no apartamento com a vítima minutos antes de desferir mais de 50 golpes de faca.
A Polícia Civil de Goiás investiga, com base em imagens de câmeras de segurança e confissão do autor, um caso de feminicídio que chocou moradores de Caldas Novas, no sul goiano. Thaís Thealdo Silva, de 24 anos, foi brutalmente assassinada na tarde da última quinta-feira (3) dentro do apartamento onde morava. O principal suspeito é o ex-companheiro, com quem ela manteve um relacionamento de sete anos e teve uma filha. O homem foi preso em flagrante após relatar o crime ao próprio pai, que o conduziu até a delegacia.
Segundo o delegado André Barbosa, responsável pela investigação, a vítima e o ex estavam separados havia cerca de duas semanas. O suspeito não aceitava o término e, de acordo com as apurações preliminares, o feminicídio foi motivado por ciúmes e desejo de controle. “Trata-se de um crime com forte componente de posse. Ele já havia demonstrado inconformismo com a separação”, afirmou o delegado.
Imagens revelam cronologia do crime
O circuito interno de segurança do prédio onde morava Thaís documentou a chegada e saída do casal, compondo uma narrativa visual precisa sobre os últimos momentos da jovem. Às 17h25, as imagens mostram Thaís saindo do apartamento com a filha e o ex-companheiro. Minutos depois, os dois retornam ao imóvel sozinhos — a criança ficou sob os cuidados de outra pessoa, segundo a polícia.
De acordo com a investigação, a jovem havia voltado ao apartamento apenas para buscar seus pertences e concluir a mudança. Às 18h15, cerca de dez minutos após o retorno, o homem deixou o local sozinho. Thaís já estava morta.
O corpo foi encontrado com mais de 50 perfurações por arma branca. A violência dos golpes indicaria, segundo os peritos, um crime de forte carga emocional, associado à rejeição. Os laudos periciais estão em fase de conclusão.
Confissão e frieza
Após o crime, o suspeito procurou o pai, a quem confessou o homicídio. Segundo relatos obtidos pela Polícia Civil, ele também revelou intenção de matar o homem com quem acreditava que Thaís estava se relacionando, e, em seguida, tirar a própria vida. O pai, diante da gravidade da confissão, conduziu o filho até a delegacia, onde foi preso em flagrante.
Em depoimento formal, o acusado reafirmou a autoria do crime, disse estar arrependido, mas, conforme o delegado, demonstrou “extrema frieza”. “Apesar de ter dito que se arrependia, não expressou nenhuma emoção condizente com a brutalidade do ato cometido”, relatou André Barbosa.
Violência doméstica e silêncio social
Thaís não havia registrado boletins de ocorrência anteriores contra o ex-companheiro. A polícia não descarta que episódios de violência anteriores possam ter sido silenciados por medo, vergonha ou pressão familiar — uma realidade comum em casos de feminicídio no Brasil.
O crime reacende o debate sobre a efetividade de políticas públicas voltadas à proteção da mulher e sobre os mecanismos de denúncia. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um feminicídio a cada sete horas. Em Goiás, o número de casos cresceu 21% no último ano.
Justiça e próximos passos
O nome do acusado não foi divulgado até o momento. Ele permanece detido e, segundo a Polícia Civil, deverá responder por feminicídio qualificado por motivo torpe, com uso de meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima — o que pode elevar a pena para mais de 30 anos de reclusão.
A criança, filha do casal, foi acolhida por familiares da vítima. A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher acompanha o caso e presta suporte psicossocial à família.
Reflexão necessária
O feminicídio de Thaís Thealdo expõe, mais uma vez, a tragédia cotidiana da violência contra a mulher, cuja face mais extrema ainda se repete em todos os estados do país. Para especialistas, é fundamental fortalecer as redes de proteção, ampliar o acesso a medidas protetivas e fomentar campanhas educativas contínuas que enfrentem, desde cedo, os padrões de masculinidade violenta que sustentam crimes como esse.
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