Falta de vagas em UTIs resulta em morte de técnico de informática em Goiânia: mais três casos já foram confirmados.
Luiz Felipe Figueiredo morreu aos 30 anos, após esperar por leito desde quarta-feira; outros três pacientes enfrentaram o mesmo destino na rede pública de saúde.
A crise no sistema de saúde pública em Goiânia ganhou contornos dramáticos com a morte de Luiz Felipe Figueiredo da Silva, de 30 anos. Técnico de informática e morador do Jardim Novo Mundo, Luiz sofreu uma parada cardiorrespiratória no último sábado (23), enquanto aguardava por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Desde quarta-feira (20), sua transferência para um leito de UTI havia sido solicitada pela equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro, mas a regulação não aconteceu a tempo.
A esposa de Luiz, Lavínia Celice da Silva, de 27 anos, relatou que o marido foi hospitalizado na segunda-feira (18) após múltiplas crises convulsivas. Encaminhado ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol) para exames de imagem, Luiz retornou à UPA para aguardar o leito. Apesar de inicialmente apresentar estabilidade, sua condição piorou rapidamente, culminando em crises severas e uma infecção que comprometeu suas funções hepáticas e renais.
“Ele estava consciente, falando que logo voltaria para casa. Mas, no dia seguinte, sofreu 12 convulsões em 30 minutos e precisou ser sedado e entubado”, contou Lavínia, que buscou a Defensoria Pública de Goiás para acelerar a obtenção da vaga. No entanto, segundo ela, o juiz plantonista não considerou o caso urgente o suficiente.
Casos similares reforçam alerta na saúde pública
A morte de Luiz não é um caso isolado. Na última semana, outras três famílias relataram perdas semelhantes em Goiânia. Janaina de Jesus (29), Katiane de Araújo Silva (36) e Severino Ramos Vasconcelos Santos (63) morreram enquanto aguardavam vagas de UTI em diferentes unidades da rede municipal.
Casos que chocam e comovem
Severino Ramos Vasconcelos Santos, de 63 anos, aguardou seis dias por uma vaga de UTI após ser internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu com uma fratura no fêmur. Sua transferência para um hospital com especialidade em ortopedia foi solicitada à regulação estadual, mas ele não resistiu e morreu no sábado (22). A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que Severino aguardava vaga com perfil específico no Hospital das Clínicas, mas não explicou o motivo da demora.
Janaina de Jesus, de 29 anos, deu entrada na mesma UPA em 17 de outubro, apresentando falta de ar, dores no peito e cabeça, além de vômitos. Apesar do agravamento do quadro clínico e da solicitação de um leito de UTI, ela morreu na última terça-feira (19). A Prefeitura de Goiânia, responsável pela unidade, não forneceu explicações detalhadas sobre o caso até o momento.
Katiane de Araújo Silva, de 36 anos, foi internada no Cais Cândida de Moraes no dia 17 de outubro, apresentando dores no corpo e na cabeça. Exames revelaram uma infecção hemorrágica não especificada, e uma vaga de UTI foi solicitada. Apesar de ser mantida na sala vermelha, onde recebeu suporte intensivo, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Katiane faleceu na sexta-feira (22).
Respostas oficiais e falta de soluções
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os casos estão sendo investigados, mas não ofereceu detalhes sobre a demora nas regulações de leitos. Sobre Luiz, a pasta limitou-se a afirmar que “a causa da morte será investigada pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO)”.
No caso de Katiane, a secretaria afirmou que ela “recebeu todos os recursos disponíveis na sala vermelha, equivalentes ao que teria em uma UTI”, argumento que não aliviou a dor das famílias.
Crise exige atenção imediata
As mortes consecutivas escancaram o colapso da saúde pública em Goiânia, levantando questionamentos sobre a eficiência do sistema de regulação e o número insuficiente de leitos. O drama vivido pelas famílias reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura hospitalar e soluções emergenciais para evitar novas tragédias.
Enquanto as investigações continuam, o luto das famílias evidencia a urgência de uma resposta efetiva à crise, que já cobrou um preço alto demais em vidas humanas.
Tags: #SaúdePública #UTI #CriseNaSaúde #Goiânia #FilaDeEspera