21 de novembro de 2024
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Ex-síndico preso por desvio milionário tem carro de luxo apreendido em condomínio de alto padrão

Polícia Civil encontra veículo de luxo escondido em Senador Canedo. Homem é investigado por desviar milhões de condomínio no Jardim Goiás, em Goiânia, e está preso desde 19 de setembro.
Carro encontrado em um condomínio de alto padrão em Senador Canedo (Reprodução / Polícia Civil)

Durante uma operação da Polícia Civil, um carro de luxo avaliado em centenas de milhares de reais foi apreendido em um condomínio de alto padrão em Senador Canedo, Goiás. O veículo pertence ao ex-síndico de 38 anos, preso desde o dia 19 de setembro, acusado de desviar milhões de reais da administração de um condomínio localizado no setor Jardim Goiás, em Goiânia.

Operação revela rede de ocultação de bens

A apreensão do veículo faz parte de uma investigação em curso, que tem como foco desvendar o esquema de desvio de recursos conduzido pelo ex-síndico. De acordo com informações da Polícia Civil, o acusado teria usado parte dos valores desviados para adquirir o carro e outros bens de alto valor, como imóveis. O veículo, de marca de luxo e com valor estimado em cerca de R$ 500 mil, estava escondido em um condomínio fechado em Senador Canedo, município vizinho à capital goiana, uma tentativa de impedir sua apreensão.

O delegado responsável pelo caso, Carlos Roberto Silva, explicou que a ocultação do veículo era uma manobra para tentar dificultar o trabalho da polícia e das autoridades judiciais. “Ele sabia que o bloqueio dos bens seria uma consequência da investigação. Por isso, tentou manter o carro fora do radar, mas nossa equipe conseguiu rastrear o veículo com base em dados coletados durante a apuração”, afirmou o delegado.

Desvio milionário afeta condomínio de alto padrão

O ex-síndico é acusado de ter desviado uma quantia milionária do fundo de administração do condomínio de luxo onde exercia sua função, localizado no Jardim Goiás, uma das áreas mais nobres de Goiânia. Segundo a investigação, os desvios ocorriam há vários anos e foram descobertos após uma auditoria realizada pelos novos gestores do condomínio. Estima-se que o montante desviado ultrapasse os R$ 5 milhões.

Os moradores do condomínio relataram que o ex-síndico tinha poder absoluto sobre as finanças do local, com pouca ou nenhuma supervisão das contas. “Ele organizava tudo sozinho, praticamente não havia prestação de contas. Quando começamos a ver os sinais de irregularidades, já era tarde”, afirmou um dos moradores que preferiu não se identificar.

A descoberta gerou indignação entre os condôminos, que enfrentam agora dificuldades para retomar o controle financeiro do prédio e corrigir os danos causados. Os novos administradores estão colaborando com as autoridades para garantir que todos os bens adquiridos com o dinheiro desviado sejam localizados e bloqueados.

Desdobramentos da prisão

O ex-síndico, que foi preso preventivamente em 19 de setembro, está sendo investigado por crimes como peculato, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. A Polícia Civil ainda busca rastrear outros bens adquiridos pelo investigado durante o período em que ele administrava o condomínio.

Fontes ligadas à investigação afirmam que o ex-síndico teria utilizado empresas de fachada e terceiros para tentar dificultar o rastreamento dos valores desviados. “Estamos investigando a participação de outras pessoas que podem ter auxiliado na ocultação desses bens. O esquema era bem articulado, com várias camadas para esconder o dinheiro”, destacou o delegado.

O advogado de defesa do ex-síndico, João Pedro Martins, alega que seu cliente nega as acusações e está colaborando com a justiça. “Estamos em processo de revisão das provas e iremos contestar a prisão preventiva. Ele nega veementemente que tenha cometido os crimes pelos quais está sendo acusado”, disse o advogado.

Repercussão e alerta a outros condomínios

O caso do ex-síndico trouxe à tona a vulnerabilidade de muitos condomínios em relação à administração de seus recursos financeiros. Especialistas em gestão condominial alertam que, em muitos casos, a falta de auditoria e de uma gestão transparente facilita o desvio de recursos, especialmente em condomínios de alto padrão onde os valores em circulação são elevados.

“A transparência e a prestação de contas regulares são essenciais para evitar esse tipo de crime. Infelizmente, muitos síndicos operam de forma autônoma, sem que os moradores ou o conselho fiscal acompanhem as contas com o devido cuidado”, explica a especialista em administração condominial, Ana Clara Oliveira.

A polícia orienta os moradores de condomínios a ficarem atentos aos sinais de má gestão, como falta de clareza nas finanças, atraso em obras ou serviços e descontrole sobre o fluxo de caixa.