Estudo revela que obesidade aumenta risco de recidiva no câncer de mama em mulheres com doença em estágio inicial
Pesquisa de Oxford analisa mais de 200 mil mulheres e destaca impacto do peso corporal na reincidência da doença, independentemente de fatores hormonais ou menopausa.
Um amplo estudo apresentado no San Antonio Breast Cancer Symposium revela uma conexão preocupante entre obesidade e o risco de recidiva do câncer de mama em mulheres com a doença em estágio inicial. Liderada por pesquisadores da Universidade de Oxford, a pesquisa analisou dados de 206.904 mulheres, mostrando que, para cada aumento de cinco pontos no Índice de Massa Corporal (IMC), o risco de reincidência do câncer de mama cresce de 5% a 8%.
Dados robustos reforçam alerta
O estudo, conduzido por Pan Hongchao e sua equipe, utilizou informações do banco de dados do Early Breast Cancer Trialists’ Collaborative Group (EBCTCG), que reúne 147 estudos randomizados realizados entre 1978 e 2017. As participantes tinham registros detalhados de IMC, tipo de tumor e estágio da doença, permitindo uma análise aprofundada dos fatores de risco.
Entre as mulheres avaliadas:
- 60% estavam na pós-menopausa no início do estudo.
- 77% tinham tumores ER+ (com alta presença de estrogênio).
- O IMC médio era de 27,1, com 26% classificadas como obesas (IMC ≥ 30).
O risco relativo de recidiva foi significativamente maior em mulheres obesas, com uma proporção de 1,17 em comparação às mulheres com peso normal.
Impacto independente de fatores hormonais ou menopausa
Uma das descobertas mais relevantes do estudo é que a obesidade aumenta o risco de recidiva tanto em mulheres com tumores hormonais quanto não hormonais. Os dados também mostram diferenças entre mulheres na pré e pós-menopausa:
- Pré-menopausa: risco relativo de 1,08 a cada cinco pontos de aumento no IMC.
- Pós-menopausa: risco relativo de 1,05 pelo mesmo aumento de IMC.
Segundo o oncologista Gilberto Amorim, da Oncologia D’Or, a pesquisa é um marco pela base de dados abrangente e pela confirmação da influência da obesidade na reincidência da doença:
“O estudo demonstra que o excesso de gordura corporal aumenta o risco de recidiva, independentemente da origem do tumor ou da menopausa. Isso reforça a importância de manter um peso saudável.”
Cenário brasileiro e implicações para a saúde pública
No Brasil, onde o sobrepeso e a obesidade afetam uma parcela significativa da população feminina, o estudo serve como alerta para estratégias de prevenção e controle do peso. Dados do Ministério da Saúde indicam que mais de 60% das mulheres brasileiras estão acima do peso ideal, o que agrava os riscos de diversas doenças, incluindo o câncer de mama.
A obesidade não só dificulta o tratamento da doença como também aumenta o risco de outros problemas de saúde, como diabetes e hipertensão. Para Gilberto Amorim, as descobertas reforçam a necessidade de uma abordagem integrada:
“Manter um peso saudável não é apenas uma questão estética, mas uma medida crucial para prevenir a reincidência do câncer de mama e melhorar a qualidade de vida.”
Prevenção e estilo de vida
A adoção de um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática regular de exercícios, é fundamental para reduzir o impacto da obesidade nos casos de câncer de mama. Especialistas também recomendam o acompanhamento médico regular para mulheres em tratamento ou em remissão da doença.
O estudo reafirma a importância de políticas públicas que incentivem hábitos saudáveis e ampliem o acesso a programas de reeducação alimentar e atividades físicas, especialmente entre mulheres em grupos de risco.
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