19 de outubro de 2024
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Estresse Crônico Dobrou o Risco de Alzheimer em Pacientes, Revela Estudo: Depressão Aumenta o Perigo em Quatro Vezes

Pesquisa internacional destaca impacto do estresse e depressão no aumento significativo de risco para doenças neurodegenerativas. Especialistas reforçam prevenção e hábitos saudáveis.
Médico destaca que estímulos cognitivos como quebra-cabeça e outros jogos ajudam a minimizar os riscos de desenvolver a demência de Alzheimer. Freepik

Um estudo publicado na revista Alzheimer’s Research & Therapy em outubro de 2023 acendeu um alerta importante para o impacto do estresse crônico no risco de desenvolvimento da Doença de Alzheimer. De acordo com a pesquisa, pessoas com diagnóstico de estresse crônico têm o risco dobrado de desenvolver Alzheimer, enquanto pacientes que também enfrentam depressão veem esse risco multiplicado por quatro. A relevância desses dados é ainda maior com a chegada do Dia Mundial da Doença de Alzheimer, em 21 de setembro, e o Dia de Combate ao Estresse, em 23 de setembro, reforçando a necessidade de cuidados preventivos e consciência sobre a saúde mental.

Estudo Revela Conexões Perigosas entre Estresse e Alzheimer

O estudo analisou quase 25 mil voluntários, todos com mais de 45 anos, ao longo de quatro anos. A pesquisa focou em acompanhar os níveis de estresse e os impactos no desempenho cognitivo desses indivíduos. Aqueles que apresentavam maior nível de tensão ao longo do tempo demonstraram pior desempenho nos testes de memória e maior risco de declínio cognitivo.

Segundo a pesquisa, o aumento dos níveis de cortisol — hormônio do estresse — tem efeito direto na saúde do cérebro, incluindo a diminuição da substância cinzenta, uma região crucial para funções cognitivas. Essa deterioração cerebral contribui para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, conforme explicado pelo neurologista José Guilherme Schwam Júnior, que atua no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia.

“Estudos mostram que o estresse prolongado aumenta os níveis de cortisol e contribui para a redução da substância cinzenta, além de elevar o risco cardiovascular, outro fator importante para doenças neurológicas”, afirma Schwam Júnior.

Prevenção é a Melhor Opção

Embora o estresse seja uma realidade comum na sociedade contemporânea, Schwam Júnior sugere que mudanças no estilo de vida podem ser fundamentais na prevenção tanto do estresse quanto do Alzheimer. Para ele, é essencial aprender a gerenciar as pressões diárias, reduzir o foco nas redes sociais e priorizar o convívio pessoal, além de adotar a prática regular de exercícios físicos.

“A qualidade do sono também é crucial”, alerta o neurologista. “Dormir entre sete a oito horas por noite ajuda a manter os níveis de estresse controlados. Pessoas que dormem menos ou têm sono de baixa qualidade tendem a ter mais estresse, o que, por sua vez, eleva o risco de doenças como o Alzheimer.”

Hábitos Alimentares e Exercícios Físicos: Chaves na Prevenção de Alzheimer

Além de controlar o estresse, Schwam Júnior também recomenda medidas que visam diminuir os fatores de risco associados ao Alzheimer. “Uma alimentação equilibrada, com menos carboidratos refinados, menos gordura e açúcares, e mais alimentos frescos como frutas, verduras e peixes, é uma maneira de reduzir o risco de demência”, orienta. Ele sugere o consumo de alimentos ricos em ômega-3, como sardinha, atum e salmão, além de castanhas e azeite de oliva extra virgem.

Outro fator relevante é a atividade física, que deve ser praticada regularmente. “Pelo menos três horas de exercício por semana já contribuem para a prevenção. O ideal é combinar exercícios aeróbicos com musculação”, explica Schwam Júnior.

Ele também destaca a importância de manter o cérebro ativo por meio de estímulos cognitivos. Leitura, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro, palavras cruzadas e até aprender novos idiomas ou habilidades são formas eficazes de manter a mente em movimento e reduzir os riscos de declínio cognitivo.

“Quanto mais desafios intelectuais impomos ao cérebro, menor a probabilidade de ele perder suas capacidades ao longo do tempo”, conclui o especialista.

Implicações Futuras

A publicação desse estudo reforça uma tendência já apontada por outras pesquisas, como a publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), que também correlaciona altos níveis de tensão ao declínio mental e à perda de memória na velhice. Ao associar diretamente o estresse crônico com o Alzheimer, o novo estudo traz dados significativos para pacientes, médicos e políticas públicas de saúde mental, sugerindo que o combate ao estresse pode ter efeitos amplos na prevenção de doenças neurodegenerativas.

Com o aumento global da expectativa de vida, as doenças associadas ao envelhecimento, como o Alzheimer, tendem a se tornar ainda mais prevalentes. Por isso, é vital que as pesquisas continuem a investigar as melhores maneiras de combater os fatores de risco e retardar o desenvolvimento dessas condições debilitantes.

Reflexão no Dia Mundial do Alzheimer

O Dia Mundial da Doença de Alzheimer, celebrado em 21 de setembro, é uma data para conscientizar a população sobre a doença que atinge milhões de pessoas no mundo. Esse estudo reitera a necessidade de prestar atenção aos sinais de estresse e depressão, que, se negligenciados, podem agravar o quadro de saúde mental e aumentar os riscos de desenvolvimento de Alzheimer. Já o Dia de Combate ao Estresse, em 23 de setembro, serve como lembrete de que cuidar da saúde mental é um passo crucial para manter a saúde do corpo e da mente em dia.

A relação entre estresse crônico, depressão e Alzheimer é preocupante, mas a boa notícia é que medidas preventivas podem ser adotadas para minimizar esses riscos. Com um estilo de vida saudável, que inclua práticas de relaxamento, atividades físicas regulares e alimentação equilibrada, é possível proteger o cérebro e o corpo de danos futuros.

A pesquisa de 2023 lança luz sobre a importância de cuidar da saúde mental para garantir um envelhecimento mais saudável e menos suscetível a doenças graves. A mensagem central é clara: o combate ao estresse é, ao mesmo tempo, um caminho para a saúde cerebral e uma forma de proteger a memória e a qualidade de vida no longo prazo.