Desigualdade estrangula acesso à creche em Goiânia: uma em cada quatro crianças de até 3 anos enfrentam barreiras
Levantamento do Todos Pela Educação, com base no IBGE, mostra que a capital goiana está abaixo da média nacional de atendimento e enfrenta longas filas nos CMEIs, afetando principalmente famílias de baixa renda.

Goiânia enfrenta um déficit preocupante no acesso à Educação Infantil: 26,9% das crianças de 0 a 3 anos têm dificuldade para conseguir vaga em creches. O dado, divulgado nesta segunda-feira (11) pelo Todos Pela Educação com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) do IBGE, revela que a capital está abaixo da média nacional de atendimento (41,2%) e distante da meta de 50% prevista no Plano Nacional de Educação (PNE).
Segundo o estudo, a baixa oferta de vagas afeta desproporcionalmente famílias de baixa renda, que dependem da rede pública municipal. Em Goiânia, a fila de espera já chegou a mais de 10 mil crianças nos últimos anos e, apesar de parcerias público-privadas recentes terem reduzido o número para cerca de 2 mil, a demanda segue muito acima da capacidade. A disparidade é ainda mais evidente quando comparada às famílias dos 20% mais ricos, cujo índice de não atendimento é de apenas 6,1%.
A desigualdade também se acentuou ao longo dos anos: em 2016, a diferença no acesso entre crianças das famílias mais pobres e mais ricas era de 22 pontos percentuais; em 2024, subiu para 29,4 p.p. Nacionalmente, 2,3 milhões de crianças de até 3 anos continuam fora das creches, o equivalente a 19,7% da população dessa faixa etária.
O estudo ainda destaca que, no segmento da pré-escola (4 a 5 anos), onde a matrícula é obrigatória, Goiânia registra um dos piores índices entre capitais, com taxa de atendimento de 84,7%, abaixo da média estadual (92,7%) e nacional (94,6%).
Especialistas alertam que a ausência no ensino infantil compromete o desenvolvimento cognitivo, social e emocional das crianças, além de afetar a rotina de trabalho das famílias. O Todos Pela Educação defende políticas estruturais para ampliar o número de vagas, priorizando regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica e garantindo que o investimento público acompanhe o crescimento populacional.
Tags: Educação Infantil, Creches, Goiânia, Desigualdade Social, IBGE, Todos Pela Educação, PNE, CMEI, Infância

