Criança de 2 anos sofre traumatismo grave após colisão em Jataí: negligência e imprudência são investigadas
Menino segue internado em estado crítico na UTI Pediátrica do Hugol, em Goiânia. Teste do bafômetro apontou embriaguez de um dos motoristas, e a ausência de cadeirinha infantil agrava a suspeita de negligência. Caso ocorreu no cruzamento da Alameda das Palmeiras com a Alameda Mandarim.
Uma colisão violenta entre dois veículos na madrugada do último sábado (12), no Conjunto Residencial Nossa Senhora de Fátima, em Jataí, sudoeste goiano, resultou em um dos episódios mais angustiantes registrados recentemente nas estradas urbanas do estado. Um menino de apenas dois anos foi projetado para fora de um carro e sofreu ferimentos gravíssimos. Ele permanece internado na UTI Pediátrica do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, respirando por aparelhos.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, o acidente aconteceu por volta da 1h da manhã, no cruzamento entre a Alameda das Palmeiras e a Alameda Mandarim. O Fiat Argo, onde estavam a criança e os pais, colidiu com uma caminhonete que trafegava pela via preferencial. Testemunhas e evidências colhidas pelos bombeiros indicam que o Argo desrespeitou a sinalização de “Pare” antes do impacto. Com a força da batida, um dos veículos capotou.
Criança estava solta no banco traseiro
A situação da criança, segundo os próprios socorristas, foi agravada pela ausência de qualquer sistema de retenção infantil, como determina o Código de Trânsito Brasileiro. Em entrevista, o sargento José Ricardo Assis confirmou: “Não podemos afirmar com certeza se houve arremesso da criança para fora do veículo. Mas o que está comprovado é que o menino estava solto dentro do carro, sem cadeirinha”. Esse elemento pode ser crucial para a configuração de responsabilidade penal, caso se confirme a negligência por parte dos pais ou responsáveis legais.
Após os primeiros atendimentos no Hospital Estadual de Jataí Dr. Serafim de Carvalho, a criança foi transferida com urgência, em estado crítico, para o Hugol, em Goiânia. A unidade hospitalar confirmou que o menino permanece internado na UTI Pediátrica, sob cuidados intensivos e sem previsão de alta.
Alcoolismo ao volante
Outro fator agravante do caso é a constatação de embriaguez ao volante. O condutor do Fiat Argo, que levava a criança, testou positivo no bafômetro, segundo informações oficiais do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Já o motorista da caminhonete, que estava com uma passageira, recusou-se a realizar o teste de alcoolemia, conforme autorizado pela legislação vigente. Ambos os ocupantes da caminhonete sofreram apenas escoriações leves.
Ao todo, o acidente envolveu cinco pessoas — o casal e a criança no Argo, e outro casal na caminhonete. Todos, exceto o menino, sofreram ferimentos leves e foram liberados após atendimento.
Investigação em curso
A Polícia Civil de Jataí já iniciou as investigações para esclarecer os detalhes da colisão, incluindo a verificação das imagens de câmeras de segurança na região e os depoimentos dos envolvidos. A presença de álcool, a suposta alta velocidade, o desrespeito à sinalização e a omissão do uso de cadeirinha são pontos centrais da apuração, que poderá resultar em responsabilização criminal por lesão corporal gravíssima com dolo eventual ou até tentativa de homicídio, dependendo do entendimento da autoridade judiciária.
Descaso recorrente e falhas de fiscalização
O episódio reacende o debate sobre a negligência na condução de crianças em veículos e o consumo de álcool ao volante, ainda frequentes nas cidades do interior goiano. Dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) mostram que o uso correto de cadeirinhas pode reduzir em até 71% o risco de morte em acidentes com crianças.
Apesar das campanhas educativas, os números de autuações por transporte irregular de menores e embriaguez ao volante continuam altos em todo o estado de Goiás, especialmente durante madrugadas e finais de semana. O caso de Jataí expõe de forma trágica os riscos dessa combinação.
Atualização médica:
Até o fechamento desta edição, o Hugol informou que o estado da criança permanece grave, porém estável, e que a equipe médica monitora continuamente sua evolução clínica. A família, abalada, ainda não se pronunciou oficialmente.
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