Personalizar preferências de consentimento

Usamos cookies para ajudá-lo a navegar com eficiência e executar determinadas funções. Você encontrará informações detalhadas sobre todos os cookies em cada categoria de consentimento abaixo.

Os cookies categorizados como "Necessários" são armazenados no seu navegador, pois são essenciais para permitir as funcionalidades básicas do site.... 

Sempre ativo

Os cookies necessários são requeridos para habilitar os recursos básicos deste site, como fornecer login seguro ou ajustar suas preferências de consentimento. Esses cookies não armazenam nenhum dado de identificação pessoal.

Nenhum cookie para mostrar

Os cookies funcionais ajudam a executar determinadas funcionalidades, como compartilhar o conteúdo do site em plataformas de mídia social, coletar feedback e outros recursos de terceiros.

Nenhum cookie para mostrar

Cookies analíticos são usados ​​para entender como os visitantes interagem com o site. Esses cookies ajudam a fornecer informações sobre métricas como número de visitantes, taxa de rejeição, fonte de tráfego etc.

Nenhum cookie para mostrar

Os cookies de desempenho são usados ​​para entender e analisar os principais índices de desempenho do site, o que ajuda a oferecer uma melhor experiência de usuário aos visitantes.

Nenhum cookie para mostrar

Os cookies de publicidade são usados ​​para fornecer aos visitantes anúncios personalizados com base nas páginas que você visitou anteriormente e para analisar a eficácia das campanhas publicitárias.

Nenhum cookie para mostrar

23 de julho de 2025
JustiçaNotíciasPolíciaÚltimas

Condenação de fisiculturista por feminicídio encerra ciclo de dor para família de Marcela Luise: “A justiça, enfim, foi feita”

Após julgamento no Tribunal do Júri, Igor Porto Galvão é condenado a 20 anos e seis meses de prisão por homicídio brutal contra a companheira. Caso expõe trajetória de abusos, violência doméstica e tentativa de encobrimento do crime com falsa alegação de acidente doméstico.
Fisiculturista é preso suspeito de espancar a mulher – Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais

O Tribunal do Júri de Aparecida de Goiânia selou, na última quinta-feira (26), o destino de Igor Porto Galvão, fisiculturista e educador físico de 31 anos, ao condená-lo a 20 anos e seis meses de prisão pelo feminicídio da jovem Marcela Luise de Souza Ferreira. O caso, que comoveu o estado de Goiás e gerou indignação nas redes sociais, expôs uma relação marcada por violência silenciosa, culminando em um crime brutal praticado no interior da residência do casal.

“A dor permanece, mas a sensação é de alívio. A Justiça cumpriu o seu papel. É o fim de um ciclo de sofrimento para todos nós”, declarou Fernanda Paula Miranda Ferreira, tia da vítima, em entrevista após a sentença. Para ela e os demais familiares, a condenação não repara a perda irreparável, mas representa um gesto simbólico de dignidade e respeito à memória de Marcela.

Espancamento, tentativa de encobrimento e denúncia

Marcela foi brutalmente agredida no dia 10 de maio de 2024, no bairro Parque São Pedro, em Aparecida de Goiânia, onde vivia com Igor e a filha do casal, de 6 anos. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), o réu desferiu socos e chutes na companheira, que sofreu traumatismo craniano, múltiplas fraturas em costelas e diversas escoriações.

A tentativa de ocultar o crime foi imediata. Igor deu banho na vítima inconsciente, limpou os vestígios da agressão e a conduziu ao hospital, apresentando à equipe médica a versão de um suposto acidente doméstico: Marcela teria escorregado enquanto limpava a casa e batido a cabeça. A versão não resistiu às evidências médicas e periciais.

“Ele narrou que ela havia convulsionado após a queda. Mas os ferimentos eram incompatíveis com acidentes domésticos. O laudo apontou violência contundente, sistemática e incompatível com a narrativa apresentada pelo acusado”, explicou a delegada Bruna Coelho, que conduziu a investigação da Polícia Civil.

Marcela permaneceu internada em coma por dez dias e faleceu no dia 20 de maio. A filha do casal, hoje sob os cuidados da avó materna, está em acompanhamento psicológico. “Ela sente a falta da mãe, fala com saudade. Estamos tentando reconstruir o que a violência destruiu”, acrescentou Fernanda.

O julgamento e a decisão do júri

Durante o julgamento, Igor foi condenado por homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima —, além de feminicídio. O juiz Leonardo Fleury Curado Dias, ao proferir a sentença, destacou a desproporção da força física entre autor e vítima, o histórico de agressões psicológicas e a privação de assistência à filha do casal como agravantes.

A pena inicial, de 21 anos, teve acréscimo de dois anos para cada qualificadora e mais três anos por abandono material e afetivo da filha. Com a confissão parcial de Igor, a pena foi atenuada em seis meses, totalizando 20 anos e seis meses de reclusão, a ser cumprida em regime fechado, sem direito a recorrer em liberdade.

“O reconhecimento do feminicídio demonstra que a vítima vivia em um ciclo contínuo de submissão, medo, e violência emocional. As ameaças constantes de perder a filha e as humilhações impuseram a Marcela um sofrimento psicológico que antecedeu a agressão fatal”, afirmou o magistrado.

Perfil do réu e a tentativa de se preservar

Nascido em Anápolis, Igor Porto Galvão era conhecido no meio esportivo como fisiculturista, personal trainer e nutricionista. Nas redes sociais, projetava a imagem de um profissional bem-sucedido e dedicado à saúde e estética corporal. Em contraste, familiares de Marcela relataram um histórico de controle, ciúmes, traições e episódios de violência ao longo dos nove anos de união.

Segundo apurado pelo MP-GO, o casal morou em Brasília antes de se mudar para Aparecida de Goiânia em 2021. O relacionamento, segundo os autos, era marcado por tensão constante. Amigos próximos relataram à imprensa, sob anonimato, que Marcela chegou a considerar o fim da relação diversas vezes, mas era dissuadida pelo medo de represálias.

Um caso emblemático no combate à violência contra a mulher

O caso de Marcela Luise se soma à triste estatística dos feminicídios em Goiás e no Brasil. Em 2023, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou mais de 1.400 mortes de mulheres motivadas por violência de gênero. Apenas em Goiás, o número de feminicídios consumados ultrapassou 50 casos no mesmo período.

A promotora responsável pelo caso, Fernanda Balbi, afirmou que o julgamento representa “um marco de responsabilização num contexto de violência doméstica ainda naturalizado em muitos lares brasileiros”. A condenação reforça o papel do Tribunal do Júri na proteção de vítimas invisibilizadas por relações afetivas abusivas.

A defesa de Igor, representada pelo advogado Marcelo Celestino Soares, anunciou que irá recorrer da decisão, alegando que o veredito foi “contrário às provas dos autos”. O recurso será analisado pelo Tribunal de Justiça de Goiás, mas sem efeito suspensivo.


Conclusão: um nome entre tantos, uma luta por todas

A morte de Marcela Luise não é apenas um número entre os trágicos registros de feminicídio. É um retrato cruel da violência de gênero enraizada na sociedade, muitas vezes disfarçada sob a aparência da normalidade doméstica. A sentença, embora limitada pelos marcos legais, sinaliza que a Justiça pode, sim, ser um instrumento de memória, dignidade e reconstrução.

Enquanto isso, a família de Marcela segue em luto — um luto com nome, voz e saudade —, mas com a serenidade de saber que, desta vez, o silêncio da vítima encontrou eco nas instituições.

Nota da defesa de Igor Porto Galvão

“O escritório Sandrim e Soares, por meio de seu advogado Marcelo Celestino Soares (OAB-GO 64.365), vem a público manifestar-se sobre a recente condenação de Igor Porto Galvão a 20 anos de reclusão pelo falecimento de sua esposa, Marcela Louise.

A defesa de Igor Porto Galvão entende que a decisão proferida pelo conselho de sentença foi contrária às provas apresentadas nos autos do processo e não condizente com a conduta praticada por Igor.

Diante disso, informa que a defesa irá recorrer da decisão, buscando a revisão da condenação nas instâncias superiores. Acreditamos na importância de que os fatos sejam reavaliados à luz das provas para que a justiça seja plenamente alcançada.”

Tags: #Feminicídio #Justiça #ViolênciaDoméstica #MPGO #DireitosDasMulheres #JúriPopular #AparecidaDeGoiânia #IgorPortoGalvão #MarcelaLuise