Clínica de “internação voluntária” é alvo de operação em Trindade e 14 pessoas resgatadas
Pacientes vítimas de cárcere privado relatam agressões físicas e psicológicas; quatro suspeitos presos em flagrante.

A Polícia Civil de Goiás, por meio da 1ª Delegacia de Trindade (16ª DRP), com apoio da Vigilância Sanitária e da Assistência Social municipal, desarticulou nesta terça-feira (23) uma clínica que funcionava de forma irregular na cidade de Trindade. A unidade era acusada de manter pacientes sob condição de cárcere privado, sem consentimento real, e de praticar violações contra direitos humanos.
Resgate de pacientes e relatos chocantes
No local, os agentes resgataram 14 internos, que relataram terem sido levados contra a vontade para a clínica, sob promessas de tratamento. Uma vez lá dentro, afirmaram que eram submetidos a ameaças, violência física e psicológica, e impedidos de deixar o estabelecimento sob pena de sofrimentos ou retaliações.
Os relatos apontam que, apesar de constar nos documentos que as internações eram “voluntárias”, as vítimas afirmam que a entrada foi forçada. Muitas disseram que, ao chegarem, foram informadas que não poderiam sair até o pagamento do valor estipulado pelo tratamento.
Estrutura e funcionamento irregulares
A vistoria da polícia encontrou diversas irregularidades:
- Todos os pacientes recebiam os mesmos medicamentos, prescritos por um único médico que atendia à distância, por meio de telefone celular, sem consultas presenciais.
- Os ambientes continham produtos vencidos e materiais impróprios para uso humano.
- Internos eram obrigados a trabalhar nas instalações da clínica — limpeza, cozinha e manutenção — como condição para permanência.
- A diária ou custo do tratamento era fixado em R$ 1,5 mil por paciente.
Prisões e antecedentes
Foram detidas quatro pessoas em flagrante: um dos sócios da clínica e três funcionários. Segundo a Polícia Civil, o sócio possui antecedentes por crimes equivalentes, como sequestro e cárcere privado.
Os pacientes resgatados foram encaminhados às suas famílias e receberão apoio da assistência social local. A clínica foi lacrada, e o caso já tramita com investigação aberta para identificar a extensão da organização criminosa e responsabilizar demais envolvidos.
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