Ciclo Interrompido IV: Polícia desmantela laboratório clandestino e prende grupo que vendia anabolizantes e remédios falsificados em Goiás
Personal trainer, nutricionista e mais sete suspeitos são presos em operação da Polícia Civil; esquema incluía falsificação de receitas, fabricação ilegal de medicamentos e venda sem controle sanitário em Goiânia e região metropolitana

A Polícia Civil de Goiás deflagrou nesta quarta-feira (12) a quarta fase da Operação Ciclo Interrompido, desarticulando um esquema criminoso sofisticado de produção clandestina, falsificação e venda ilegal de anabolizantes e medicamentos controlados em Goiânia, Aparecida de Goiânia e Trindade. Entre os nove presos nesta fase estão um personal trainer e uma nutricionista, já investigados em etapas anteriores da operação, que voltaram a atuar ilegalmente mesmo após responderem em liberdade.
Coordenada pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), a ofensiva revelou um laboratório clandestino de manipulação de anabolizantes, operado pelo grupo, com indícios de comércio interestadual e até importação ilegal de insumos farmacêuticos. Ao todo, a operação já resultou em 14 prisões e 21 mandados de busca e apreensão cumpridos nas quatro fases desde o início da investigação, há cerca de dez meses.
Venda direta, “delivery fitness” e falsificação de receitas
De acordo com o delegado responsável, Khlisney Campos, o esquema era mais que uma simples revenda: tratava-se de uma rede estruturada, com fornecedores, entregadores e um núcleo de manipulação dos compostos, que simulavam medicamentos legalizados. O grupo falsificava receitas médicas para justificar a posse e uso dos produtos, que eram vendidos sem qualquer controle sanitário ou exigência de prescrição.
“As entregas funcionavam como um delivery de medicamentos controlados, com atuação concentrada na região noroeste de Goiânia. Os produtos eram ofertados até com ‘marca própria’, o que indica um nível avançado de organização criminosa, com divisão de tarefas e estrutura logística”, detalhou Campos.
Laboratório ilegal e interdição da Vigilância Sanitária
Durante a operação, a Vigilância Sanitária interditou um ponto de comercialização clandestino onde, além dos anabolizantes, eram encontrados medicamentos comuns, como Dipirona e Dorsilax, sem qualquer autorização da Anvisa ou alvará municipal. “Era um ambiente completamente inadequado, sem as mínimas condições higiênico-sanitárias, operando como se fosse uma farmácia paralela”, destacou o delegado.
Em outro endereço, os investigadores localizaram um laboratório improvisado, onde os criminosos manipulavam substâncias adquiridas na internet, de outros estados e, possivelmente, do exterior. As cápsulas e frascos eram reembalados e rotulados com uma marca fictícia, aumentando o valor de mercado e passando aparência de legalidade.
Envolvidos e crimes investigados
Segundo a Polícia Civil, os envolvidos devem responder por uma longa lista de crimes:
- Associação criminosa (Art. 288 do Código Penal)
- Falsificação e comércio ilegal de medicamentos (Lei 9.677/98)
- Falsificação de documentos públicos e privados
- Posse ilegal de arma de fogo — armamento foi apreendido com um dos suspeitos
As penas, somadas, podem ultrapassar os 30 anos de prisão.
A reportagem procurou o Conselho Regional de Nutrição, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição. Já o CREF14/GO-TO, responsável por fiscalizar a atuação de profissionais de Educação Física, informou por nota que ainda não foi oficialmente notificado sobre o envolvimento de seus membros, mas aguarda detalhes do inquérito para eventual apuração interna.
Riscos à saúde pública e impunidade reincidente
O delegado Khlisney Campos alertou para os riscos do consumo de medicamentos sem origem comprovada, especialmente anabolizantes. “Esses produtos alteram profundamente o metabolismo e, sem controle médico, podem causar danos hepáticos, cardiovasculares, hormonais e até morte súbita. O risco é ainda maior quando os insumos são manipulados em ambientes sem controle de qualidade, como os encontrados nesta operação”, enfatizou.
Apesar das prisões anteriores, o grupo demonstrava sentimento de impunidade, segundo a Polícia. O personal trainer e a nutricionista, presos novamente nesta quarta-feira, haviam retomado as atividades ilícitas mesmo sob investigação formal, indicando a urgência de punições mais severas e acompanhamento judicial mais rigoroso.
O que diz a Anvisa?
A comercialização de medicamentos controlados e anabolizantes exige autorização da Anvisa e obediência a protocolos rigorosos de armazenamento, prescrição e distribuição. A manipulação fora de farmácias autorizadas é crime e coloca em risco direto a saúde da população.
Nota Conselho de Educação Física CREF14 GO/TO
Gostaríamos de informar que o Conselho de Educação Física CREF14 GO/TO não foi oficialmente notificado pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra o Consumidor (DECON) sobre qualquer investigação ou ação relacionada ao nosso âmbito de atuação.
Além disso, é importante destacar que o Conselho de Educação Física é veementemente contra o uso e a venda de anabolizantes, substâncias que podem causar sérios danos à saúde e comprometem a integridade do esporte. O Conselho atua para garantir que os profissionais da Educação Física cumpram as normas legais, promovendo a ética e a qualidade dos serviços prestados a população.
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