Choque da PM confronta comerciantes durante operação do Detran em Goiânia
Fiscalização aplicada integralmente da Lei do Desmonte provoca protestos na Vila Canaã, com dispersão de lojistas e uso de bombas de efeito moral
Uma operação de fiscalização intensificada pelo Detran-GO, amparada na Lei Federal nº 12.977/2014 — conhecida como Lei do Desmonte — gerou confrontos na Vila Canaã, região sudoeste de Goiânia, ao obrigar lojas de autopeças usadas a se adequarem à legislação vigente. A ação, deflagrada nesta quarta-feira (13), encontrou resistência de comerciantes, resultando em tumulto controlado com auxílio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
A operação e a reação
Desde o início da aplicação plena da Lei do Desmonte, em 22 de julho, o Detran passou a executar fiscalizações diárias, conferindo a origem das peças, estrutura física das lojas, documentação obrigatória e rastreabilidade das mercadorias por meio de etiquetas padronizadas. Essa etapa seguiu cerca de um ano de diálogo e orientações prévias com o setor de comércio de peças usadas.
No entanto, comerciantes alegam que foram pegos de surpresa e enfrentam dificuldades na obtenção de autorizações municipais e ambientais, além de sofrerem com taxas elevadas e prazos curtos para regularização. Uma manifestação pacífica foi organizada na terça-feira (12), com uma carreata que passou pela Assembleia Legislativa e buscou apoio dos parlamentares, mas sem resultado concreto.
Escalada do conflito
Na manhã seguinte, fiscais conduziram uma incursão nas ruas Bartolomeu Bueno e Borba Gato, que rapidamente se transformou em tensão. Segundo relatos, a Polícia Militar interveio com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, em resposta a “hostilidades” dos manifestantes e arremesso de pedras. Apesar do clima tenso, não houve registro de feridos ou prisões.
Um comerciante, presente à ação, relatou que o spray de pimenta atingiu até seu filho de cinco meses, que estava dentro da loja. “Eu não participava da manifestação, estava trabalhando quando tudo aconteceu”, contou.
O posicionamento das autoridades
Em nota oficial, o Detran-GO destacou que a fiscalização é continuada e fundamentada, realizada após fase orientadora iniciada em dezembro de 2024. Até o momento, 182 empresas se regularizaram, conforme planejamento estabelecido pelo órgão.
O autômato reforça que a lei busca coibir a comercialização de peças provenientes de veículos roubados, promover segurança ao consumidor e elevar a formalização no setor, com rastreabilidade garantida por etiquetas exigidas por portarias estaduais, como a nº 178/2025.
O presidente do Detran-GO, delegado Waldir Soares, detalhou as recentes ações de fiscalização na região da Vila Canaã, em Goiânia. Waldir revelou que apenas cerca de 400 das 4 mil empresas da região foram regularizadas, apesar da redução na exigência de documentos (de 54 para 9). Ele garantiu que os estabelecimentos não cumprir com a legislação serão fechados e os itens irregulares apreendidos ou destruídos em prensa. Além disso, o Detran formou 55 novos peritos especializados em peças e participou de treinamentos em São Paulo para reforçar as operações locais, em parceria com as polícias e o Corpo de Bombeiros. O delegado destacou que a fiscalização segue firme mesmo diante de resistência. “A preocupação é resguardar vidas”, ressaltou em outra entrevista, defendendo a combinação de educação, engenharia e fiscalização para garantir segurança no trânsito
Impacto e tensão local
Lojistas afirmam que bloqueios nas vias, incluindo cierre de ruas por viaturas, paralisaram a atividade comercial e afastaram clientes, provocando prejuízos estimados em até R$ 5 mil por dia.
Especialistas e autoridades têm alertado para a necessidade de preencher as lacunas burocráticas e ampliar o diálogo com o setor, a fim de evitar confrontos futuros e viabilizar a transição para a legalidade.
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