CEI dos Fios Soltos propõe fiação subterrânea e abre investigação sobre tragédia com jovem, em Goiânia
Comissão especial da Câmara mira diagnóstico completo da rede aérea, apuração da morte da jovem Nathaly do Nascimento e eventual reestruturação da infraestrutura elétrica nas áreas centrais da capital.

A recém-instalada Comissão Especial de Inquérito dos Fios Soltos (CEI dos Fios Soltos) da Câmara Municipal de Goiânia iniciou nesta quarta-feira (3) os trabalhos que podem redefinir o panorama da infraestrutura elétrica e de telecomunicações da capital. Presidida pelo vereador Coronel Urzêda (PL), a comissão apresentou um plano de trabalho que articula a apuração de falhas estruturais e a proposição de longo prazo: a migração parcial da fiação aérea para redes subterrâneas — começando pelas regiões centrais e bairros históricos.
Entre os focos da CEI está a elucidação do caso da jovem Nathaly do Nascimento, cuja morte em circunstâncias possivelmente ligadas à precariedade da malha de cabos e postes causou comoção pública. A comissão pretende reconstruir os fatos, identificar responsabilidades e contribuir para prevenir novos acidentes similares.
Eixos de investigação e prioridades da CEI
O plano de trabalho inicial aprovado pelos membros da comissão foi estruturado em quatro eixos principais:
- Revisão do caso Nathaly do Nascimento — reconstrução das circunstâncias da tragédia, análise de laudos técnicos e responsabilidades administrativas;
- Mapeamento da rede aérea de cabos — identificação de pontos críticos e de risco em toda a cidade, com ênfase em áreas de maior densidade urbana e trânsito intenso;
- Análise de contratos e conformidade técnica — verificação dos acordos da concessionária Equatorial Goiás e de empresas de telecomunicações, confrontando-os com normas técnicas e exigências legais;
- Fiscalização da atuação municipal — avaliação da resposta do poder público a denúncias, da eficiência dos mecanismos de zeladoria e da coordenação institucional entre órgãos de regulação, segurança e zeladoria urbana.
Fiação subterrânea: proposta de inovação urbana
Durante o encontro, Coronel Urzêda defendeu a adoção gradual da fiação subterrânea, começando pelo Centro e pelo bairro Campinas — regiões de importância histórica e alto fluxo de pedestres e veículos. Ele admitiu que o processo será longo, não ocorrendo de imediato, mas argumentou que a mudança é essencial para reduzir riscos, poluição visual e acidentes envolvendo redes aéreas. “Começar pelo coração da cidade é um símbolo e uma estratégia de segurança e planejamento urbano”, afirmou.
A proposta sugere a retomada do projeto “Poste Limpo”, que havia sido iniciado por gestões anteriores mas foi interrompido. A vereadora Daniela da Gilka (PRTB), membro da CEI, apresentou requerimento ao Ministério Público de Goiás solicitando cópia do ofício de retomada desse programa.
Transparência e dados públicos
Na primeira reunião, a CEI requisitou à Equatorial Goiás os contratos vigentes, termos de uso dos postes e histórico de manutenção da rede; à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a lista de empresas autorizadas a utilizar a infraestrutura; e ao Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, os registros de acidentes, quedas de cabos ou postes que representaram risco para a população.
A previsão é que a próxima reunião ocorra na quarta-feira (10), imediatamente após a sessão ordinária da Câmara, dando início à fase de coleta de dados e produção de relatórios preliminares.
O que está em jogo
A instalação da CEI e os objetivos traçados representam, segundo analistas de política urbana, uma oportunidade para revisar um problema antigo e estrutural: a sobrecarga da rede aérea em Goiânia, que resulta em riscos recorrentes, degradação urbana e prejuízos à qualidade de vida. A fortaleza da proposta está justamente na combinação entre investigação de responsabilidade, diagnóstico técnico e plano de ação que visa, a médio e longo prazo, modernizar a infraestrutura da capital.
Para a população, a expectativa cresce: reduzir o número de acidentes, eliminar pontos de risco, e garantir mais segurança em áreas densamente povoadas. A proposta da fiação subterrânea, se implementada, poderá alterar profundamente o desenho urbano de regiões centrais e históricas de Goiânia — com benefícios múltiplos para o espaço público e a mobilidade urbana.
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