Caminhoneiro morre ao cair de ponte na BR-364, em Jataí: tragédia expõe riscos históricos da travessia sobre o Rio Claro
Robson Bento de Castro, de 50 anos, seguia de Mineiros para Jataí quando perdeu o controle do caminhão e despencou da ponte do Rio Claro. Acidente reforça alerta para a precariedade estrutural e segurança da rodovia federal no Sudoeste goiano.
A BR-364, um dos principais corredores logísticos do Sudoeste goiano, foi palco de mais uma tragédia nesta sexta-feira (04/07), quando um caminhão Mercedes-Benz 1935 caiu da ponte sobre o Rio Claro, no trecho entre Mineiros e Jataí. O motorista do veículo, Robson Bento de Castro, de 50 anos, natural de Mineiros e morador de Jataí, morreu no local.
O acidente ocorreu por volta das 6h30 da manhã, e, segundo os primeiros levantamentos feitos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), o caminhão trafegava no sentido Mineiros–Jataí quando, por razões ainda indeterminadas, o condutor perdeu o controle da direção. O veículo atravessou o guard-rail e despencou de uma altura considerável, submergindo parcialmente nas águas do Rio Claro, que corta a região.
Equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás foram acionadas e chegaram ao local cerca de 30 minutos após o ocorrido. A operação de resgate foi delicada, já que o caminhão ficou parcialmente imerso no rio. Após acesso à cabine, os bombeiros confirmaram a morte do motorista, que foi retirado sem vida e entregue ao Instituto Médico Legal (IML) de Jataí.
Vítima experiente e respeitada entre caminhoneiros
Conhecido entre colegas como “Pajé”, Robson era um caminhoneiro experiente e bastante respeitado na região. Segundo um amigo próximo da vítima, ele trabalhava há décadas no setor de transporte de cargas, tendo percorrido por anos o trecho da BR-364 entre Goiás, Mato Grosso e Rondônia.
“Era um profissional muito competente, conhecia cada curva daquela estrada. É difícil entender como isso aconteceu”, afirmou um colega de profissão que preferiu não se identificar.
Ponte do Rio Claro: ponto crítico na malha rodoviária
O trecho da BR-364 onde ocorreu o acidente, especialmente a ponte sobre o Rio Claro, é há anos alvo de críticas por parte de motoristas e especialistas em infraestrutura rodoviária. Construída originalmente para suportar veículos de menor porte, a ponte não passou por ampliações estruturais significativas nas últimas décadas, apesar do aumento no tráfego pesado.
Embora não haja confirmação oficial de falha estrutural como causa do acidente, engenheiros da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto de Transportes e Infraestrutura Rodoviária (ITIR) têm alertado, em estudos recentes, sobre o risco potencial em pontes antigas da região — especialmente aquelas sem sistema de contenção reforçado ou sinalização adequada.
Investigação da PRF e perícia técnica
A PRF isolou o local e instaurou procedimento para apurar as circunstâncias do acidente. Uma perícia técnica será conduzida por peritos do IML e da Polícia Técnico-Científica para verificar se houve falha mecânica, mal súbito, problema na via ou erro humano.
Além disso, imagens de câmeras de postos de combustíveis e registros de GPS do caminhão estão sendo solicitados para reconstituir os últimos minutos de trajeto.
Rodovia sob pressão: aumento do tráfego e da insegurança
A BR-364 é uma das principais rotas de escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste. Nos últimos anos, o tráfego de caminhões na rodovia aumentou substancialmente com o crescimento da exportação de grãos e a ampliação dos polos logísticos na região. Contudo, esse aumento de circulação não foi acompanhado por melhorias proporcionais na infraestrutura da estrada.
Segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), mais de 60% dos trechos da BR-364 em Goiás e Mato Grosso apresentam “condição regular, ruim ou péssima” de conservação.
Luto e indignação
A morte de Robson Bento de Castro gerou comoção entre familiares, amigos e a comunidade de caminhoneiros do Sudoeste goiano. A expectativa é de que o corpo seja velado em Jataí ainda nesta sexta-feira, em cerimônia reservada.
Nas redes sociais e em grupos de caminhoneiros, o clima é de revolta diante da negligência histórica com a segurança das estradas federais que cortam o interior do país.
“Não é acidente, é omissão. Quantos mais terão que morrer para que essa ponte seja reformada?”, questionou um dos caminhoneiros que conhecia Robson.
Nota das autoridades
Até o momento, nem o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), responsável pela manutenção da BR-364, nem o Ministério dos Transportes se manifestaram oficialmente sobre o acidente ou sobre eventuais intervenções emergenciais na ponte do Rio Claro.
A Prefeitura de Jataí, em nota, prestou condolências à família da vítima e informou que solicitará, junto aos parlamentares da bancada goiana no Congresso, medidas urgentes de infraestrutura para a região.
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