Caminhão desgovernado causa destruição em série na Avenida Mangalô, em Goiânia
Veículo com falha nos freios atinge carros estacionados e destrói entrada de oficina mecânica no Setor Morada do Sol; moradores relatam susto e cobram fiscalização mais rigorosa para transporte de carga
Uma câmera de segurança registrou, na tarde desta sexta-feira (4), o momento exato em que um caminhão perdeu os freios e provocou um acidente com múltiplos danos materiais na Avenida Mangalô, localizada no Setor Morada do Sol, região noroeste de Goiânia. As imagens, obtidas por veículos de imprensa locais e analisadas pela reportagem, mostram o veículo descendo a via em alta velocidade até colidir violentamente contra pelo menos três carros estacionados. A entrada de uma oficina mecânica foi completamente destruída.
De acordo com informações apuradas com o Corpo de Bombeiros de Goiás e a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT), o caminhão trafegava com aparente sobrecarga e falha no sistema de frenagem, o que pode ter contribuído para a perda de controle do motorista. Um dos veículos atingidos estava estacionado no pátio da oficina aguardando conserto. A colisão foi tão intensa que o automóvel ficou quase irreconhecível.
Apesar da violência do acidente, não houve vítimas com ferimentos graves. Funcionários da oficina relataram que o impacto ocorreu poucos minutos após um grupo de clientes ter deixado o local, o que evitou uma tragédia ainda maior.
Estrutura urbana e riscos evitáveis
A Avenida Mangalô é conhecida pelo tráfego intenso de veículos de grande porte, que utilizam a via como rota alternativa para escoamento de carga, apesar de não haver estrutura adequada para suportar esse tipo de tráfego pesado. Moradores da região, entrevistados pela reportagem, afirmaram que os riscos são diários, com caminhões antigos e mal conservados passando frequentemente pelo trecho.
“É um milagre não ter morrido ninguém. Esse caminhão desceu igual um foguete. Foi muito rápido. Se tivesse alguém passando na calçada, não teria chance de escapar”, relatou um comerciante local.
A Secretaria Municipal de Mobilidade (SMM) informou que irá apurar se o caminhão estava autorizado a trafegar pela via e se o veículo possuía licença técnica válida para transporte de carga. A pasta também destacou que há um estudo em andamento para restringir o trânsito de caminhões em alguns trechos urbanos da capital.
Fiscalização e responsabilidades
Especialistas em segurança viária ouvidos pela reportagem ressaltam que acidentes como este poderiam ser evitados com uma fiscalização mais rigorosa sobre as condições mecânicas de veículos pesados que circulam em áreas urbanas. “É indispensável que as prefeituras, juntamente com o Detran e a Polícia Rodoviária, intensifiquem as blitzes e as inspeções, especialmente em veículos com mais de 10 anos de uso e que operam com carga”, afirma um engenheiro de transportes.
A Polícia Civil já requisitou as imagens das câmeras de segurança para análise e identificação de possíveis responsabilidades. A perícia preliminar indicou falha no sistema de frenagem, mas a confirmação depende de laudo técnico a ser concluído nos próximos dias.
Histórico de ocorrências
Este não é o primeiro incidente grave na Avenida Mangalô envolvendo veículos de carga. Em agosto de 2022, um caminhão baú também perdeu o controle e colidiu com postes de energia e dois automóveis. Na ocasião, o motorista ficou ferido e o bairro registrou interrupção no fornecimento de energia por mais de seis horas.
A reincidência de episódios similares tem gerado pressão sobre a prefeitura para que haja intervenções concretas, como a implantação de redutores de velocidade, sinalização específica para caminhões e fiscalização mais ostensiva.
O acidente desta semana escancara falhas recorrentes na gestão do tráfego urbano em Goiânia, especialmente no que se refere ao controle de veículos pesados em áreas residenciais e comerciais. Embora, felizmente, não tenha havido vítimas fatais, os danos materiais e o potencial risco à vida reforçam a urgência de políticas públicas voltadas à segurança viária. Moradores do Setor Morada do Sol cobram respostas — e sobretudo, ação.
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