Câmara de Goiânia aprova reajuste de 4,83% para servidores após semanas de impasse
Índice segue o IPCA, mas frustra sindicatos que pediam 5,53%; proposta agora depende de sanção do prefeito Sandro Mabel

Após intensas disputas políticas e pressões sindicais, a Câmara Municipal de Goiânia aprovou, de forma unânime, o reajuste da data-base dos servidores municipais em 4,83%, valor correspondente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O percentual passa a valer a partir de 1º de setembro e contempla servidores ativos, inativos, pensionistas e agentes políticos. A decisão ocorreu nesta quinta-feira (18), em sessão que encerrou um processo legislativo marcado por sucessivas retiradas e reinserções do texto por parte do Executivo.
A proposta segue agora para sanção ou veto do prefeito Sandro Mabel (UB).
Pressão sindical e limites fiscais
Durante a tramitação, o Fórum Sindical de Goiânia — que reúne nove sindicatos e quatro associações — defendeu que o reajuste deveria ser de 5,53%, percentual correspondente ao cálculo que considerava outro período inflacionário. A Prefeitura, no entanto, sustentou que não teria condições fiscais para suportar esse índice sem comprometer a folha de pagamento e os serviços essenciais.
O líder do governo na Câmara, Wellington Bessa (DC), defendeu a posição do Paço Municipal:
“O reajuste aprovado reflete o índice possível dentro da realidade financeira da cidade. Estamos sob um decreto de calamidade pública que, inclusive, nos isentaria de conceder qualquer aumento, mas houve responsabilidade e compromisso em manter a data-base.”
Segundo Bessa, a Prefeitura pretende incluir o reajuste já na folha de setembro. Caso dificuldades técnicas impeçam, a diferença será paga retroativamente.
Recuos estratégicos e embates internos
A aprovação encerra um ciclo de manobras políticas iniciado em julho, quando Mabel enviou o projeto original ao Legislativo. O texto chegou a ser retirado em duas ocasiões: a primeira, por ausência de parecer da Procuradoria-Geral do Município, e a segunda, em setembro, sob a justificativa de ajustes técnicos. Nos bastidores, a avaliação era de que o governo enfrentava risco de derrota diante da resistência de parte dos vereadores e da pressão sindical.
Apesar da tramitação conturbada, a aprovação em plenário ocorreu sem votos contrários, sinalizando recomposição momentânea da base de sustentação do prefeito.
Sessão marcada por conflitos paralelos
Além da votação, a sessão desta quinta-feira foi palco de novo embate entre os vereadores Léo José (SD) e Sargento Novandir (MDB). Léo acusou o colega de divulgar vídeos apócrifos para difamá-lo e de ameaçar parlamentares nos corredores da Casa. Novandir negou as acusações.
As críticas foram reforçadas por outros vereadores, que cobraram medidas da mesa diretora diante dos processos já existentes contra Novandir no Conselho de Ética. O episódio somou-se a desentendimentos anteriores envolvendo a Comissão do Trabalho e Servidores Públicos (CTSP), quando Novandir tentou forçar a votação do projeto original da Prefeitura sobre temporários da Educação, em oposição ao relatório apresentado por Sanches da Federal (PP).
Próximos passos
Com a aprovação legislativa, a expectativa agora se volta para o Paço Municipal, que deve decidir rapidamente pela sanção ou veto. Caso sancionado, o reajuste de 4,83% será incorporado aos salários dos servidores, consolidando a negociação que marcou os últimos meses e estabelecendo os limites da política de pessoal da atual gestão.
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