Camaleão de Ouro: Aparecidense fatura meio milhão ao vender mando contra o Fluminense em Brasília
Sem estrutura exigida pela CBF em Aparecida de Goiânia, clube goiano opta por Mané Garrincha, lucra R$ 500 mil e abre mão da renda do jogo decisivo da Copa do Brasil para viabilizar sonho histórico

Com orçamento modesto e limitações estruturais típicas dos clubes emergentes do futebol brasileiro, a Aparecidense optou por um caminho pragmático: ao invés de insistir em adaptar o Estádio Anníbal Batista de Toledo para a 3ª fase da Copa do Brasil, o clube vendeu seu mando de campo para Brasília e irá enfrentar o Fluminense no Estádio Mané Garrincha, às 19h30 desta quarta-feira (21). A operação renderá aos cofres do Camaleão R$ 500 mil — valor 130 vezes superior à média de bilheteria que o clube costuma registrar em seus jogos como mandante (R$ 3.800,00).
A escolha, além de estratégica, foi praticamente inevitável: o regulamento da CBF exige que estádios utilizados a partir da terceira fase da Copa tenham capacidade mínima de 10 mil pessoas. O Anníbal, segundo o último laudo da Vigilância Sanitária, comporta apenas 6.645 torcedores.
“É uma decisão de sobrevivência financeira. Receberemos os R$ 500 mil líquidos, sem encargos com logística, arbitragem, hotel, alimentação, taxas da Federação ou impostos”, explicou o presidente Wilson Queiroz.
O valor do acerto foi negociado com o Grupo Metrópoles, que administra o Mané Garrincha e ficará com a totalidade da renda da bilheteria. A estrutura de Brasília permitirá uma experiência de padrão Série A para os torcedores e para os atletas, ainda que o ambiente não seja exatamente o de um jogo em casa para o time goiano.
Mais rentável que o Serra Dourada
A diretoria da Aparecidense chegou a analisar outras alternativas em Goiás, incluindo o histórico Estádio Serra Dourada, em Goiânia. No entanto, o Mané Garrincha foi escolhido por dois fatores cruciais: a estrutura pronta e o acordo financeiro. Além disso, a capital federal possui considerável presença de torcedores do Fluminense, o que pode garantir casa cheia e, consequentemente, bom retorno para os parceiros comerciais do evento.
Em campo: Camaleão ainda sonha com as oitavas
Apesar da derrota por 1 a 0 no jogo de ida no Maracanã, com gol de Keno, o Camaleão mostrou competitividade e segurou o ímpeto do tricolor com boa atuação do goleiro Matheus Alves. Agora, precisará vencer por dois gols de diferença para avançar às oitavas — empate leva o Flu à próxima fase e vitória por um gol da Aparecidense leva a decisão para os pênaltis.
O técnico Lúcio Flávio terá reforços importantes: o zagueiro Wellington Carvalho e os meias Higor Leite e Gui Meira estão de volta. Por outro lado, Lucas Rocha e Buba estão fora por lesão, e Pedrinho ainda não reúne condições físicas ideais.
Flu sem Keno, mas com Ganso
Do lado tricolor, Renato Gaúcho adotou cautela na escalação. Keno, autor do gol na ida, está fora por “controle de carga”, assim como o zagueiro Freytes. O Flu também não contará com Cano, Canobbio, Bernal e Otávio, todos no DM. O meia Ganso, símbolo técnico da equipe, está confirmado entre os titulares.
Mesmo com as baixas, o Fluminense chega embalado pela vantagem e pela experiência. A expectativa da comissão técnica é evitar surpresas, como as que já marcaram campanhas anteriores da Copa do Brasil.
Ficha Técnica
Copa do Brasil – 3ª fase (jogo de volta)
Aparecidense x Fluminense Estádio Mané Garrincha (Brasília)
Quarta-feira (21/05), às 19h30
Transmissão: Amazon Prime Video
Arbitragem:
Felipe Fernandes de Lima (MG)
Assistentes: Fernanda Nandrea Gomes Antunes e Celso Luiz da Silva (ambos de MG)
VAR: Emerson de Almeida Ferreira (MG)
Prováveis Escalações:
Aparecidense: Matheus Alves; David Junio, Vanderley, Paulo, Mário Henrique; Dyego, Enzo, Higor Leite (Gui Meira); Kaio Nunes, Júlio César e João Marcos.
Técnico: Lúcio Flávio
Fluminense: Fábio; Samuel Xavier, Thiago Silva, Ignácio, Diogo Barbosa; Hércules, Martinelli, Ganso, Arias, Serna; Everaldo.
Técnico: Renato Gaúcho
Ingressos
Comercializados exclusivamente via plataforma Bilheteria Digital, os preços variam entre R$ 138 e R$ 238, com meia solidária mediante doação de 1 kg de alimento não perecível. A expectativa de público gira em torno de 25 mil torcedores.
A decisão da Aparecidense reflete um dilema recorrente no futebol brasileiro: entre o romantismo de jogar em casa e a necessidade de sustentabilidade financeira. Em um país de desigualdades também dentro das quatro linhas, a venda do mando pode representar a diferença entre seguir existindo ou não. Contra o Flu, o Camaleão joga por muito mais que uma vaga. Joga por projeção, por caixa e, principalmente, por sobrevivência.
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