Caiado Critica Governo Federal e Defende Autonomia dos Estados no Combate ao Crime Organizado

Durante sua participação no Fórum de Segurança Pública Pelo Brasil, realizado em Brasília nesta quarta-feira (26/3), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, fez duras críticas à falta de autoridade do governo federal no combate ao crime organizado e à tentativa de centralização do comando das polícias estaduais. Em seu discurso, Caiado não poupou palavras ao afirmar que a segurança pública no Brasil está comprometida pela omissão da União e alertou sobre os riscos de o país se tornar um grande centro de domínio do narcotráfico.

“O governador precisa exercer sua autoridade como comandante-chefe e afirmar com clareza: ‘A segurança do meu estado está sob meu comando’. Essa postura firme é essencial para proteger a população e impedir que o crime organizado avance“, afirmou Caiado, reforçando a necessidade de uma gestão descentralizada e eficiente para enfrentar a violência.

O governador também destacou os perigos de uma postura omissa por parte do governo federal. “A falta de autoridade no Brasil abre caminho para o crime. Se não reagirmos agora, corremos o risco de nos tornar a maior nação da América Latina sob o domínio do narcotráfico“, declarou, enfatizando que a ineficácia das políticas federais tem permitido o avanço de facções criminosas em diversas regiões do país.

Caiado criticou ainda a proposta de Emenda Constitucional (PEC) apresentada pelo governo federal, que visa unificar as diretrizes das polícias estaduais sob o comando centralizado em Brasília. Para o governador, tal iniciativa é um erro estratégico, pois a União já enfrenta dificuldades em áreas críticas da segurança pública. “O governo federal ignora sua própria responsabilidade no enfrentamento do crime organizado. O tráfico de drogas, o contrabando de armas e os crimes financeiros são questões federais, e a União tem falhado gravemente no combate a essas ameaças”, pontuou.

O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp), Sandro Avelar, apoiou os argumentos de Caiado, ressaltando que a população deseja uma segurança pública efetiva, administrada pelos estados. “O governo federal não pode tentar instituir regras ou definir diretrizes que entrem em contradição com a técnica da segurança pública sem antes ouvir os estados”, disse Avelar.

Outros representantes presentes também reforçaram a necessidade de respeitar a autonomia dos estados na gestão da segurança pública. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, e o procurador do Ministério Público do Rio de Janeiro, Marcelo Rocha Monteiro, destacaram a urgência de se garantir aos estados a liberdade para implementar políticas de segurança mais eficazes e adaptadas à realidade local.

O senador Ciro Nogueira também trouxe à tona uma preocupação crescente da população brasileira com a criminalidade, afirmando que, segundo pesquisas recentes, a segurança pública já ultrapassou a educação e saúde como a principal preocupação dos cidadãos.

Em contraste com a crescente violência em várias partes do país, Goiás se apresenta como um exemplo no enfrentamento do crime organizado. Caiado enfatizou os avanços obtidos pelo estado nos últimos anos, destacando os números de segurança. “Enquanto outras regiões enfrentam facções criminosas tomando cidades, sequestrando ônibus em plena luz do dia e espalhando a violência pelo Brasil, os goianos vivem uma realidade diferente. Isso acontece porque Goiás não se curvou ao crime”, afirmou o governador.

De fato, os números reforçam a eficácia da gestão de segurança pública no estado. Desde 2018, Goiás registrou uma redução de 55% nos homicídios dolosos e quedas significativas em outros crimes, como latrocínio (-84%) e roubo de carga (-97%). Para alcançar esses resultados, mais de R$ 17 bilhões foram investidos desde 2019 em infraestrutura, capacitação e tecnologia para fortalecer o setor de segurança pública.

Com uma abordagem estratégica e focada, o governo de Goiás tem trabalhado de forma proativa para garantir a segurança da população, priorizando não apenas a repressão ao crime, mas também a integração entre as forças de segurança e o uso de tecnologia de ponta no combate ao crime. Ao reforçar a autonomia estadual, Caiado acredita que o Brasil pode alcançar uma segurança pública mais eficaz e adaptada às necessidades locais.

A crítica de Caiado à centralização do poder no governo federal levanta uma questão fundamental para o futuro da segurança pública no país: a descentralização é a chave para resultados mais eficazes no combate ao crime organizado.