Caiado convoca setor produtivo para reagir ao “tarifaço” dos EUA e critica inércia do governo federal
Governador de Goiás reunirá empresários nesta terça-feira (22), no Palácio das Esmeraldas, para articular medidas diante da sobretaxa de 50% imposta pelos EUA a importações brasileiras. Linha de crédito estadual e ações emergenciais estão em pauta.
Em reação imediata à nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo governo dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), convocou uma reunião extraordinária com representantes do setor produtivo goiano para a próxima terça-feira (22), às 14h, no Palácio das Esmeraldas. O objetivo é discutir e articular alternativas diante dos potenciais impactos da medida, que estabelece uma alíquota de 50% sobre importações originárias do Brasil a partir de agosto.
O anúncio foi feito em vídeo publicado neste domingo (20) nas redes oficiais do governador, diretamente do Japão, onde cumpre missão internacional de prospecção econômica. Ao lado do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), André Rocha, Caiado criticou o que chamou de “omissão do governo federal” e prometeu ações autônomas do Estado para proteger empresas e empregos locais.
“Essas tarifas e represálias preocupam todos os empresários brasileiros. Em Goiás, estamos atentos. Por isso, o governador está convocando o empresariado afetado para discutirmos alternativas que minimizem os efeitos danosos dessas medidas”, afirmou André Rocha.
A sobretaxa imposta pelos EUA atinge diversos setores industriais brasileiros — especialmente os de base agrícola, alimentos processados, químicos, farmacêuticos e metalúrgicos — todos com forte presença em Goiás. Segundo dados da Secretaria de Indústria e Comércio do Estado, os EUA são o segundo principal destino das exportações goianas, atrás apenas da China.
Medidas concretas e tom de enfrentamento
Ainda durante a agenda internacional, Caiado antecipou que deve lançar uma linha de crédito emergencial, com juros abaixo da média de mercado, voltada a empresas impactadas pela perda de competitividade no mercado norte-americano. A proposta será apresentada aos empresários durante o encontro desta terça.
“Já que o governo federal não assumiu nenhuma ação concreta, nós assumiremos. Vamos cuidar das empresas, dos empregos, das famílias goianas. Vamos pra cima”, disse Caiado, em tom enfático.
A reunião será aberta a representantes de todos os segmentos da economia — indústria, comércio e serviços — com ênfase nas empresas exportadoras e cadeias produtivas integradas à balança comercial com os EUA.
“Determinamos a realização dessa primeira reunião com a participação de todo o setor urbano e empresarial de Goiás. Todos aqueles que estão diretamente penalizados por essa política comercial agressiva terão voz e vez na construção de soluções”, reforçou o governador.
O contexto da crise
As novas tarifas fazem parte de uma resposta do governo dos EUA à política de incentivos industriais brasileiros, considerada “distorcida” pela atual administração americana, que pressiona países emergentes a reverem subsídios e barreiras internas. Analistas de comércio internacional apontam que a medida pode fazer parte de uma escalada protecionista às vésperas do processo eleitoral americano, mirando o apoio de setores industriais domésticos.
No Brasil, até agora, a reação oficial do governo federal tem sido tímida. O Ministério das Relações Exteriores ainda não apresentou contramedidas diplomáticas, e o Ministério da Fazenda estuda formas de amortecer os impactos econômicos internos.
O protagonismo estadual
Para especialistas, a movimentação do governo goiano pode marcar um reposicionamento estratégico dos estados no cenário da política comercial, tradicionalmente concentrado na esfera federal. Goiás, com uma economia cada vez mais integrada à pauta exportadora, se antecipa à crise e tenta blindar seus ativos.
“A postura do governador Caiado é inédita em termos de prontidão. Enquanto a União ainda debate os impactos, o Estado articula respostas práticas. É um movimento de liderança regional em um tema macroeconômico e geopolítico”, avalia o economista e consultor de comércio exterior Paulo Henriques, da PUC-GO.
A expectativa é de que o encontro desta terça gere encaminhamentos concretos, incluindo a formação de uma frente parlamentar estadual, ações judiciais e, eventualmente, articulação com outros estados exportadores para pressionar o governo federal a adotar uma posição mais assertiva.
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