“BC Protege+” reduz tentativas de fraudes, mas precisa de ecossistema integrado para garantir segurança digital, dizem especialistas
Ferramenta do Banco Central bloqueia aberturas de contas não autorizadas e já evitou mais de 1.600 tentativas de fraude em 48 horas. Especialistas alertam que o recurso representa avanço relevante, porém limitado, e deve ser acompanhado por medidas articuladas entre instituições financeiras, empresas de tecnologia e usuários.

O lançamento do “BC Protege+”, programa do Banco Central do Brasil destinado a reduzir fraudes na abertura de contas bancárias, registrou um número expressivo de acionamentos nos primeiros dias. A ferramenta permite que qualquer pessoa física ou jurídica informe preventivamente ao sistema financeiro que não deseja abrir contas naquele período, bloqueando tentativas de criação indevida de cadastros.
Segundo dados fornecidos pelo próprio BC a entidades do setor, mais de 1.600 tentativas de abertura fraudulenta foram automaticamente barradas em apenas dois dias de funcionamento — um indicativo do volume de ataques enfrentados diariamente por instituições financeiras e da relevância do novo mecanismo.
Para especialistas, entretanto, o resultado positivo não deve ser interpretado como solução definitiva. O CEO da Elytron CiberSecurity, João Brasio, destaca que o programa representa um avanço estruturado, mas precisa ser compreendido como mais uma camada de proteção dentro de um ambiente que exige vigilância contínua.
“O ‘BC Protege+’ é um passo correto e necessário”, afirma Brasio. “Mas sua efetividade de longo prazo depende de um ecossistema inteiro operando de forma coordenada. Segurança digital não pode ser tratada como uma ação pontual; precisa ser um pilar permanente das relações financeiras no Brasil.”
Brasio enfatiza que a prevenção mais robusta exige ações combinadas que vão muito além da restrição à abertura não autorizada de contas. Entre elas, cita:
- Análise comportamental em tempo real, capaz de identificar interações suspeitas e perfis incompatíveis;
- Uso intensivo de inteligência artificial no monitoramento de anomalias;
- Compartilhamento ágil de dados entre bancos e fintechs, reduzindo janelas de vulnerabilidade;
- Aperfeiçoamento dos processos de onboarding digital, para mitigar brechas exploradas pelos golpistas;
- Campanhas de educação financeira e digital, fortalecendo a capacidade do usuário de identificar riscos.
Para o especialista, a construção de um ambiente financeiro mais seguro passa pela articulação entre instituições bancárias, empresas de tecnologia, órgãos reguladores e consumidores. “É uma engrenagem que só funciona se todos estiverem alinhados. O criminoso se movimenta rápido, e o sistema precisa ser igualmente ágil e colaborativo.”
João Brasio, que recentemente recebeu em Brasília a Medalha de Mérito Legislativo por sua atuação em projetos de segurança digital voltados a instituições como a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal, avalia que o Brasil avançou na construção de mecanismos contra fraudes, mas ainda enfrenta um cenário de ameaças em constante evolução.
O “BC Protege+”, conclui ele, inaugura uma etapa importante, mas sua eficácia plena dependerá da capacidade de integração e atualização contínua de todo o sistema financeiro nacional.
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