Avó salvou neta de ataque brutal de pit bull em Caiapônia e sofreu ferimentos graves
Mulher de 46 anos isolou bebê em um quarto, enfrentou o cão sozinha e precisou ser socorrida inconsciente; pit bull foi abatido pela Polícia Militar.

Um ato de coragem evitou uma tragédia ainda maior em Caiapônia, no sudoeste de Goiás, na última quinta-feira (8). Uma mulher de 46 anos salvou a neta de um ano e meio ao enfrentar sozinha um ataque feroz de um pit bull da própria família. Ela isolou a bebê em um quarto e, mesmo ferida, conseguiu trancar o animal do lado de fora. Quando a Polícia Militar chegou, precisou arrombar a porta da casa e encontrou a mulher inconsciente na sala.
Segundo o tenente Vivaldo Alves Silva Filho, o ataque começou no quintal. A avó segurava a criança no colo e tentou se defender com o outro braço. Mesmo sendo mordida, conseguiu entrar na casa, colocar a neta sobre uma cama e atrair o animal para longe. O cão chegou a prensá-la contra uma porta de vidro, que se quebrou, provocando cortes profundos. Com dificuldade, ela conseguiu trancar o pit bull do lado de fora.
Durante o resgate, o cão avançou contra os policiais e foi abatido com dois tiros. A mulher foi levada ao Hospital Municipal de Caiapônia pelo Samu com ferimentos por mordidas e cacos de vidro. Recebeu mais de 60 pontos e permaneceu internada por dois dias, recebendo alta no sábado (10). A bebê saiu ilesa. Imagens da Polícia Militar mostram ferimentos extensos nos braços e nas pernas da avó.
Câmeras de segurança e relatos de vizinhos registraram momentos de desespero. Um deles chegou a tentar pular o muro, mas recuou ao ver o tamanho do cachorro. Um motociclista desceu da moto e tentou distrair o animal com chutes no portão. Ao chegarem, os policiais enfrentaram o pit bull e prestaram socorro imediato à vítima.
Segundo a Polícia Militar, o mesmo cão já havia atacado outra pessoa em 2023.
Especialistas alertam: guarda responsável é essencial para evitar tragédias
O ataque reacendeu o debate sobre a guarda responsável de raças consideradas potencialmente perigosas. Para o veterinário e especialista em comportamento animal, Dr. Lucas Almeida, o problema não está exclusivamente na raça, mas na forma como o animal é criado:
“Pit bulls são fortes e territorialistas. Precisam de adestramento desde filhotes, socialização constante e ambientes controlados. Quando não recebem estímulos corretos, podem reagir por medo ou defesa.”
A advogada e especialista em Direito Animal, Dra. Marina Dourado, destaca que os tutores são legalmente responsáveis pelos atos de seus animais:
“O Código Civil e a Lei de Crimes Ambientais preveem punições, inclusive de natureza penal, para donos que colocam em risco a integridade de outras pessoas. A reincidência de ataque, como nesse caso, pode configurar omissão grave.”
Cidades como Goiânia e São Paulo têm legislações específicas que obrigam o uso de focinheira, guia curta e cadastro municipal para cães de raças como pit bull, rottweiler e mastim napolitano. Entretanto, especialistas cobram fiscalização mais rigorosa.
Projeto de Lei quer cadastro nacional de cães agressivos
Tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 3.217/21, que propõe a criação de um Cadastro Nacional de Animais Potencialmente Perigosos, obrigando tutores a registrarem cães dessas raças, comprovarem vacinação e treinamento com profissional habilitado. O projeto também prevê penalidades para quem descumprir as regras de segurança.
Para a família da mulher atacada, o momento é de alívio pela vida salva e de reflexão. A avó, apesar dos graves ferimentos, é considerada uma heroína pela comunidade local.
“Ela pensou na neta primeiro. Se não tivesse feito o que fez, estaríamos chorando outra história”, disse um familiar.
A Polícia Civil investiga o caso e deve apurar se houve negligência por parte dos tutores do animal.
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