21 de novembro de 2024
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Aumento Global dos Casos de Síndrome do Olho Seco Alerta para Riscos à Saúde Ocular

Estilo de vida digital, condições climáticas e desequilíbrios hormonais impulsionam a prevalência da Síndrome do Olho Seco, que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Desencadeada por fatores ambientais ou de estilo de vida, a condição afeta 1 em cada 4 pessoas no mundo. Dra. Wania Regattieri. Médica oftalmologista

Nos últimos anos, um número crescente de pessoas no Brasil e no mundo tem sido diagnosticado com Síndrome do Olho Seco (SOS), uma condição debilitante que interfere diretamente na qualidade de vida. Com sintomas como sensação de areia nos olhos, vermelhidão, necessidade constante de piscar e cansaço ocular, a síndrome tem se intensificado em função de fatores ambientais e comportamentais.

Causas Relacionadas ao Estilo de Vida Moderno e Clima Extremo

A prolongada exposição a telas, o uso frequente de ar-condicionado, aquecimento artificial e as condições climáticas adversas têm contribuído significativamente para o aumento dos casos. No Brasil, a situação é agravada pela seca severa que afeta diversas regiões, exacerbando os problemas oculares devido à baixa umidade do ar. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram um cenário preocupante: agosto de 2024 registrou 68.635 focos de incêndio, o pior índice desde 2010. A seca prolongada reduz a umidade relativa do ar para níveis críticos, tornando o ambiente desfavorável para a saúde ocular, especialmente em áreas urbanas com alta poluição atmosférica.

Além disso, o uso prolongado de dispositivos digitais — smartphones, computadores e tablets — tem sido apontado como um dos maiores vilões modernos. A falta de pausas adequadas durante o uso dessas tecnologias reduz a frequência de piscadas, levando à evaporação da camada aquosa dos olhos e agravando o desconforto.

Impactos Hormonais: As Mulheres em Maior Risco

Estudos também indicam que as mulheres, especialmente aquelas em fases de flutuação hormonal — como menopausa ou uso de anticoncepcionais — são mais vulneráveis à Síndrome do Olho Seco. Segundo a Associação dos Portadores de Olho Seco (APOS), cerca de 34% dos brasileiros acima de 18 anos apresentam sintomas relacionados à condição, mas muitos não percebem a gravidade do problema.

A Dra. Wania Regattieri De Biase, especialista em saúde ocular e diretora de educação profissional da Alcon Brasil, reforça a importância de procurar um oftalmologista ao identificar os sintomas. “O desconforto ocular não deve ser normalizado. Consultar um especialista é essencial para evitar complicações”, afirma. Ela ainda destaca a importância de pausas visuais regulares para quem trabalha com telas: a cada 20 minutos, olhar para uma distância de 6 metros por pelo menos 20 segundos.

Tratamentos e Cuidados Essenciais

O uso de colírios lubrificantes, também conhecidos como lágrimas artificiais, é amplamente recomendado para aliviar os sintomas da Síndrome do Olho Seco. A Dra. Wania salienta que não são todos os colírios que oferecem o mesmo nível de proteção e alívio. “A escolha do colírio certo, como a linha Systane®, e seguir rigorosamente as instruções do médico são fundamentais para a eficácia do tratamento”, explica. Ela alerta que a automedicação ou o uso incorreto de colírios pode agravar os sintomas ou causar efeitos colaterais indesejados.

A Síndrome do Olho Seco no Mundo

O aumento global dos casos de SOS é uma tendência observada não só no Brasil, mas em diversos países com condições climáticas extremas e alta utilização de dispositivos digitais. Um estudo publicado no Journal of Ophthalmology sugere que cerca de 1 em cada 4 pessoas no mundo sofre com algum grau de síndrome do olho seco, e essa porcentagem pode aumentar à medida que o mundo se torna mais digitalizado e as mudanças climáticas se intensificam.

Prevenção e Consciência

Além dos tratamentos recomendados, medidas preventivas simples podem fazer a diferença. Evitar locais com ventilação excessiva, como ar-condicionado forte, e investir em umidificadores de ambiente ajudam a manter a umidade ocular. No ambiente digital, práticas como a técnica 20-20-20 — a cada 20 minutos, olhar para algo a 20 pés de distância (aproximadamente 6 metros) por 20 segundos — são fundamentais para preservar a saúde ocular.

A educação da população é crucial para o reconhecimento precoce dos sintomas e para a busca de tratamento adequado. A Associação dos Portadores de Olho Seco (APOS) reforça a necessidade de campanhas educativas para conscientizar a população sobre os perigos da Síndrome do Olho Seco e como preveni-la.

A Síndrome do Olho Seco é uma realidade cada vez mais presente e que pode comprometer a qualidade de vida se não for diagnosticada e tratada corretamente. Com o aumento do uso de tecnologias e as mudanças climáticas, a condição tende a se agravar, exigindo atenção redobrada de profissionais de saúde e da população. A consulta regular ao oftalmologista e o cuidado com hábitos diários são essenciais para garantir olhos saudáveis e uma visão sem desconfortos.


Fontes:

  • Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
  • Associação dos Portadores de Olho Seco (APOS)
  • Dra. Wania Regattieri De Biase, Alcon Brasil