Arrombamento Noturno no Setor Campinas Expõe Problema de Segurança e Dependência Química
Lojistas denunciam recorrência de crimes na região, associados a usuários de drogas em situação de rua.
Na madrugada deste domingo (22), mais um comércio do Setor Campinas, tradicional bairro comercial de Goiânia, foi alvo de arrombamento. Segundo relatos dos lojistas, o crime teria sido cometido por usuários de drogas que vivem nas imediações, problema que, segundo eles, tem se tornado cada vez mais comum e ameaçador para o comércio local. Os proprietários reclamam da falta de segurança e relatam que os prejuízos acumulados com furtos e vandalismo estão afetando suas atividades de forma significativa.
O Crime
O arrombamento ocorreu por volta das 3h da manhã. De acordo com câmeras de segurança, dois indivíduos quebraram a porta de vidro da loja, forçando a entrada e levando mercadorias de pequeno porte, como eletrônicos e itens de vestuário. A Polícia Militar foi acionada, mas, ao chegar no local, os criminosos já haviam fugido. Os donos da loja contabilizam o prejuízo, que inclui a reposição da porta quebrada e o furto de produtos.
“Já perdi a conta de quantas vezes minha loja foi arrombada. Aqui, a sensação de impunidade e insegurança só cresce, e nada é feito. Esses furtos geralmente são realizados por pessoas em situação de rua, muitas delas usuárias de drogas, que vivem pelas redondezas e estão cada vez mais agressivas”, lamentou um dos comerciantes que preferiu não se identificar.
Um Problema Recorrente
Os comerciantes da região afirmam que os casos de arrombamento têm sido uma constante, especialmente durante a madrugada. Muitos associam esses crimes à crescente presença de pessoas em situação de rua, a maioria delas dependente de drogas, que circulam pelos arredores. Segundo relatos, esses indivíduos buscam pequenos furtos para alimentar o vício, criando um ciclo de criminalidade que afeta diretamente o comércio local.
O Setor Campinas, conhecido como um dos maiores polos comerciais de Goiânia, com lojas de diversos segmentos, enfrenta esse problema de maneira mais acentuada nos últimos anos. A situação é agravada pela proximidade de pontos conhecidos de venda e consumo de entorpecentes, o que aumenta o fluxo de pessoas vulneráveis e expostas a situações de risco, tanto para elas quanto para a comunidade.
Ação da Polícia e Medidas de Prevenção
A Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana de Goiânia realizam patrulhas periódicas na região, mas os comerciantes alegam que essas ações são insuficientes para conter a onda de crimes. “As patrulhas passam de vez em quando, mas os criminosos já conhecem o horário, e logo que as viaturas saem, eles agem. Precisamos de uma ação mais efetiva, com foco em inteligência, para identificar e prender os envolvidos nesse tipo de crime”, argumentou outro lojista.
Em resposta às denúncias, a Polícia Civil de Goiás informou que está investigando o caso, mas reconhece que o problema é amplo e envolve fatores sociais complexos. “Estamos cientes da situação no Setor Campinas e temos intensificado o trabalho de investigação para identificar as quadrilhas e grupos que atuam nesses crimes. No entanto, é uma questão que também envolve a atuação de políticas públicas sociais para lidar com a dependência química e a situação de rua”, afirmou o delegado responsável pelo caso.
A Voz dos Comerciantes
Assustados com a recorrência dos crimes, os comerciantes têm buscado soluções próprias, como o investimento em sistemas de segurança reforçados. Muitos instalaram câmeras de monitoramento, alarmes e grades nas portas das lojas. No entanto, esses custos adicionais pesam no orçamento de pequenos empresários, que ainda se recuperam de crises econômicas anteriores, como a pandemia e a inflação.
“Estamos em uma situação delicada. Além dos custos com segurança, temos os prejuízos dos furtos, sem contar o medo constante. O comércio aqui está se tornando inviável para quem não tem estrutura para se proteger”, desabafou um lojista que já investiu mais de R$ 10 mil em sistemas de proteção para sua loja.
Impactos Sociais e a Questão da Dependência Química
O aumento da criminalidade no Setor Campinas revela um problema social mais profundo: a dependência química e o aumento de pessoas em situação de rua. A presença de usuários de drogas na região é um ponto de preocupação para os moradores e comerciantes. O uso e o tráfico de substâncias ilícitas agravam a vulnerabilidade social e ampliam a criminalidade.
“O combate ao tráfico e à dependência química é fundamental para reduzir o impacto dessa criminalidade no comércio local. Sabemos que muitos desses indivíduos estão em situações desesperadoras, e o ciclo de uso de drogas os leva a cometer pequenos crimes para sustentar o vício. Precisamos de políticas públicas que cuidem dessas pessoas e ao mesmo tempo garantam a segurança da população e do comércio”, ressaltou um dos comerciantes que também participa de um grupo local de vigilância.
Caminhos para a Solução
Os lojistas da região do Setor Campinas defendem que o poder público atue de forma mais coordenada, combinando ações de segurança com assistência social. Eles pedem, além de mais policiamento, programas que possam ajudar os dependentes químicos a se reintegrar à sociedade, assim como abordagens humanizadas para as pessoas em situação de rua.
“Essas pessoas também são vítimas de uma série de problemas, como a falta de oportunidades, acesso à saúde e dependência química. No entanto, não podemos continuar sendo vítimas de crimes. Precisamos de mais segurança, e eles precisam de mais apoio social”, concluiu um empresário local.
O problema de arrombamentos no Setor Campinas é um reflexo das dificuldades que Goiânia enfrenta em termos de segurança e assistência social. A combinação de policiamento reforçado com políticas públicas voltadas à redução da dependência química pode ser o caminho para diminuir os crimes e melhorar a qualidade de vida na região. Enquanto isso, comerciantes se mantêm em alerta e cobram respostas mais efetivas das autoridades.