AparecidaPrev tem R$ 40 milhões aplicados no Banco Master, foco de investigação da Operação Compliance Zero
Instituto previdenciário municipal aguarda decisão para se habilitar como credor na liquidação extrajudicial e garante que recursos dos aposentados não serão prejudicados, apesar da crise bilionária.

O Instituto de Previdência dos Servidores de Aparecida de Goiânia (AparecidaPrev) confirmou que possui R$ 40 milhões aplicados em letras financeiras do Banco Master, instituição que teve suas operações encerradas via liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central após uma investigação da Polícia Federal. A aplicação, realizada em junho de 2024, foi feita pela gestão anterior, e o investimento tinha prazo de 10 anos.
Em comunicado oficial, a Prefeitura de Aparecida de Goiânia assegurou que o AparecidaPrev será habilitado como credor na liquidação do banco para tentar recuperar os valores investidos, incluindo os rendimentos. Até outubro de 2025, esses ganhos foram estimados em R$ 7 milhões, conforme divulgado pela administração local.
Apesar da turbulência, a prefeitura tranquiliza aposentados e pensionistas: o patrimônio do AparecidaPrev é declarado como aproximadamente R$ 1 bilhão, e, segundo o município, “nenhum beneficiário será prejudicado”. A justificativa é que o fundo previdenciário possui estrutura financeira sólida para suportar eventuais perdas ou demoras no recebimento dos créditos.
Contexto da crise no Banco Master
A liquidação do Master foi determinada pelo Banco Central após a deflagração da Operação Compliance Zero, conduzida pela Polícia Federal e estimada pela PF como um esquema de fraude superior a R$ 12 bilhões. A operação levou à prisão de dirigentes do banco, entre eles o controlador Daniel Vorcaro, e à apreensão de R$ 229,7 milhões em bens, incluindo jato de luxo, obras de arte e relógios.
Com a liquidação, um liquidante foi nomeado para administrar os ativos remanescentes, apurar créditos e pagar credores conforme a classificação legal.
AparecidaPrev e seus riscos
A exposição de fundos de previdência municipais ao Banco Master não é isolada. A crise gerada pela investigação amplia o debate sobre governança, alocação de risco e responsabilidade dos gestores de regimes próprios de previdência (RPPS). Já existem reportagens apontando que fundos estaduais e municipais podem sofrer perdas bilionárias em papéis emitidos pelo Master.
No caso de AparecidaPrev, a aplicação foi facultada por um ex-secretário da Fazenda, Einstein Paniago, que ocupava assento no Conselho de Investimentos e já presidira o instituto. De acordo com a atual presidente do AparecidaPrev, Márcia Tinoco, a operação contraria a política vigente do fundo: o investimento teria sido feito em instituição com classificação de risco inferior ao permitido. Além disso, ela informou que denunciou os fatos ao Ministério Público de Goiás e ao Ministério da Previdência.
Cenário futuro
Com a liquidação do Master, o AparecidaPrev agora compete com outros credores para recuperar parte dos recursos. A complexidade do processo pode implicar deságio, prazos longos e incertezas sobre o valor final a ser ressarcido.
Em paralelo, o episódio reacende questionamentos sobre a exposição financeira de fundos previdenciários públicos: até que ponto eles devem investir em ativos arriscados, qual é o limite aceitável de crédito privado e como garantir transparência nas decisões de aplicação.
As autoridades de Aparecida de Goiânia destacam que seguirão acompanhando o desfecho da liquidação, buscando resguardar os direitos dos beneficiários. Já a comunidade jurídica e financeira observa com atenção: o caso do Master pode se tornar um marco na regulamentação de investimentos de regimes de previdência municipal e estadual.
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