Adolescente morre com tiro no peito em Catalão e Polícia contesta versão de “roleta-russa”
Polícia Civil investiga a origem da arma, contradições nos relatos e eventual responsabilidade de familiares após adolescente de 14 anos ser morto com tiro no peito dentro de residência no bairro Castelo Branco.

A morte de Luiz Henrique, adolescente de 14 anos, alvejado no peito dentro de uma residência em Catalão, no sudeste de Goiás, levou a Polícia Civil a abrir uma investigação que ultrapassa a versão inicial apresentada pelo único suspeito — um amigo da mesma idade. O caso, registrado no bairro Castelo Branco, reacendeu preocupações sobre o acesso indevido de menores a armas de fogo e sobre o aumento de ocorrências domésticas envolvendo adolescentes em ambientes sem supervisão.
De acordo com o delegado plantonista Vitor Magalhães, o adolescente apreendido afirmou que ambos manuseavam uma arma de fogo quando decidiram simular uma “roleta-russa”. A prática, de alto risco e historicamente associada a manuseio imprudente de armas, consiste em disparar um revólver com apenas uma munição no tambor. O delegado ressalta que esse relato será submetido a análise técnica, testemunhal e pericial, uma vez que a dinâmica apresentada pode não corresponder integralmente aos fatos.
A principal fragilidade do depoimento está na ausência da arma, que ainda não foi encontrada. Informações preliminares indicam que o revólver pode ter sido retirado da casa da mãe do adolescente suspeito por um irmão mais novo, de 13 anos. Esse jovem não estava no local quando a polícia chegou e ainda não foi ouvido, dificultando a reconstrução inicial do episódio.
A apreensão do adolescente que efetuou o disparo foi realizada pela Polícia Militar, e a formalização ficou a cargo da Polícia Civil. Por terem 14 anos, o caso é enquadrado como ato infracional análogo ao crime de homicídio, e não como homicídio comum. O delegado Jean Carlos, que acompanhou o procedimento inicial, reforçou que apenas a conclusão do inquérito poderá determinar se a morte decorreu de uma ação imprudente ou de outra motivação até agora não declarada.
A investigação passou para a delegada Yvve de Melo, titular da Delegacia Especializada de Atendimento ao Adolescente Infrator (Depai) de Catalão. Ela deverá ouvir familiares, vizinhos, possíveis testemunhas e reconstruir a trajetória da arma de fogo — peça fundamental para a materialidade e para o esclarecimento das circunstâncias da morte. A origem da arma e a eventual responsabilidade de adultos no acesso dos menores ao equipamento são frentes consideradas prioritárias.
O caso insere-se em um contexto mais amplo: estudos recentes apontam que adolescentes brasileiros continuam expostos a armas de fogo dentro do próprio ambiente doméstico, geralmente em espaços sem controle ou armazenamento seguro. Especialistas ressaltam que omissões ou descuidos de familiares podem configurar responsabilidade penal, dependendo das conclusões do inquérito.
A Polícia Civil mantém a investigação em sigilo para não comprometer diligências ainda em andamento. A conclusão deve depender da localização da arma, do laudo necroscópico, das perícias complementares e da coerência entre os depoimentos dos adolescentes e das testemunhas.
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