Falta de quórum impede votação da revogação da Taxa do Lixo e expõe tensão entre vereadores e base do prefeito em Goiânia
Sessão da Comissão de Finanças é esvaziada e projeto que extingue a Taxa de Limpeza Pública deixa de ser analisado. Autor da proposta acusa articulação política da base governista para travar o avanço da matéria.

A reunião da Comissão de Finanças, Orçamento e Economia (CFOE) da Câmara Municipal de Goiânia, marcada para a tarde desta segunda-feira, 1º, terminou sem abertura oficial por falta de quórum. Na pauta, constava apenas um item: a análise do projeto que revoga a Taxa de Limpeza Pública (TLP), mais conhecida como “Taxa do Lixo”, tema que tem produzido embates entre vereadores e o Executivo desde o início do ano.
A ausência de integrantes suficiente para a instalação da sessão levou o autor do texto, vereador Lucas Vergílio (Solidariedade), a acusar a base do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) de promover um esvaziamento deliberado do colegiado. Segundo ele, a articulação teria sido conduzida para evitar o avanço de uma proposta considerada politicamente sensível e que vem dividindo o grupo aliado ao Executivo.
Durante audiência pública da Comissão Mista sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias, Vergílio afirmou que o cenário se repete sempre que a pauta contraria interesses do Paço. “Todos sabem que matérias do Executivo avançam sem dificuldade. Mas o que contraria o governo trava. Hoje houve uma manobra para impedir o quórum da Comissão de Finanças, uma estratégia política e regimental para impedir que a revogação da TLP fosse votada”, declarou.
Disputa interna na Comissão de Finanças
A CFOE possui 12 participantes, incluindo o líder do prefeito, vereador Wellington Bessa (DC). Apesar da maioria numérica da base governista — sete dos doze integrantes — o equilíbrio interno tem tornado o resultado imprevisível. Parte dos aliados de Mabel já sinalizou desconforto com a manutenção da TLP, temendo desgaste com eleitores.
Na primeira votação em plenário, Sanches da Federal (PP) e Lucas Kitão (UB) contrariaram o governo e apoiaram a revogação da taxa. Além deles, o presidente da comissão, Welton Lemos (SD), e os vereadores Aava Santiago (PSDB), Coronel Urzêda (PL) e Kátia Maria (PT) também se posicionam a favor da proposta. A manutenção desses votos dentro da CFOE poderia garantir maioria pela aprovação.
A tensão se agravou após o projeto chegar a ser arquivado durante a tramitação. O autor só conseguiu reverter o ato depois de apresentar estudo de impacto financeiro, peça exigida para demonstrar a viabilidade da revogação da taxa. Desde então, o tema tem alimentado atritos entre Vergílio e o prefeito.
Impasse e próximos passos
Com o encerramento da reunião desta segunda-feira, não há previsão oficial para a retomada da análise da matéria na CFOE. Ainda pela manhã, vereadores da base do Executivo iniciaram articulações internas na Câmara para decidir como proceder diante da pressão crescente pelo fim da taxa.
O projeto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e foi aprovado em primeira votação no plenário, etapa que demonstrou divisões dentro do bloco governista. Agora, sua continuidade depende da deliberação na Comissão de Finanças, colegiado responsável por avaliar o impacto orçamentário e a adequação fiscal da proposta.
Enquanto isso, o impasse reforça o desgaste político em torno da TLP — uma cobrança que, desde sua criação, enfrenta forte resistência popular e tem sido alvo de disputas que atravessam bancadas e interesses internos da Casa.
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