Estado de Goiás perde cerca de R$ 625 milhões anuais com comércio ilegal de cigarros eletrônicos e sachês de nicotina, aponta estudo da Universidade de São Paulo
Pesquisa inédita da Escola de Segurança Multidimensional (ESEM-USP) em parceria com o Ipsos revela que o Brasil deixa de arrecadar mais de R$ 13,7 bilhões por ano em tributos associados aos novos produtos de tabaco; no mesmo estudo, a região Centro-Oeste registra cerca de R$ 1,48 bilhão em perdas.

Um estudo divulgado em 22 de outubro de 2025 pela Escola de Segurança Multidimensional (ESEM) da Universidade de São Paulo, em parceria com o instituto de pesquisas Ipsos, revela que o Estado de Goiás deixa de arrecadar aproximadamente R$ 625,9 milhões por ano em impostos devido ao consumo e à comercialização ilegal de cigarros eletrônicos (vapes) e sachês de nicotina — produtos que operam majoritariamente fora dos marcos regulatórios brasileiros.
A pesquisa, intitulada 1º Levantamento Nacional sobre a Demanda por Bens e Serviços Ilícitos, estima que o mercado clandestino desses novos produtos de tabaco mobiliza valores da ordem de R$ 7,81 bilhões ao ano em todo o país e que, se legalizados e tributados, poderiam gerar até R$ 13,7 bilhões em arrecadação nacional.
Principais achados para Goiás
- O estudo aponta que mais de 900 mil pessoas na região Centro-Oeste fazem uso frequente desses produtos.
- No Estado de Goiás, embora o estudo não detalhe um número exato de usuários, a extrapolação proporcional indica grande volume de consumidores que operam fora dos canais regulados.
- Do total de perdas estimadas para Goiás, cerca de R$ 621,4 milhões correspondem apenas aos cigarros eletrônicos, e aproximadamente R$ 4,4 milhões estão associados a sachês de nicotina.
- A ausência de regulamentação formal desses produtos é apontada como um dos fatores que alimenta o mercado ilegal, oferecendo ambiente de operações que impactam negativamente a arrecadação e favorecem redes criminosas.
Impacto econômico e social
De acordo com o professor Leandro Piquet, coordenador da pesquisa e docente do Instituto de Relações Internacionais da USP, “quando existe uma demanda, haverá sempre alguém disposto a atendê-la”, ressaltando que o regime de proibição sozinho não elimina o comércio, mas desloca-o para o mercado clandestino, onde organizações criminosas atuam com lucratividade, controle territorial e financiamento de outras atividades ilícitas.
Desafio regulatório
O estudo expõe o paradoxo regulatório brasileiro: enquanto produtos como cigarros eletrônicos e sachês de nicotina não contam com norma específica ou autorização clara para comercialização, a procura segue em ascensão e o mercado ilegal prospera. Entre os obstáculos identificados estão a falta de fiscalização, tributação adequada, registro de mercado e mecanismos de controle das cadeias de fornecimento.
Consequências e próximas etapas
Para Goiás, a principal consequência imediata reside no vácuo de arrecadação tributária estadual e federal, que poderia ser revertido em políticas públicas de saúde, educação e segurança. Além disso, o estudo sugere que a entrada desses produtos no comércio formal poderia provocar mudança na dinâmica de combate ao crime organizado, ao reduzir recursos não tributados.
Em âmbito federal e estadual, a pesquisa fortalece o debate sobre regulação, tributação e controle dos novos produtos de tabaco e nicotina, em consonância com tratados internacionais como a Convenção‑Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS) que orienta medidas de controle, tributação e comércio desses bens.
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