Cratera na Marginal Botafogo se amplia e expõe fragilidade da drenagem em Goiânia
Obra emergencial tenta conter erosão provocada por temporal de setembro, mas especialistas alertam que a solução definitiva depende do Plano de Drenagem Urbana, ainda em desenvolvimento pela UFG.
A cratera aberta na Marginal Botafogo, em Goiânia, após o forte temporal de 23 de setembro, segue crescendo e revela mais uma vez a vulnerabilidade estrutural de uma das vias mais importantes da capital. O desmoronamento do talude e a interdição parcial da pista geraram transtornos significativos no trânsito e evidenciaram a necessidade urgente de obras de drenagem mais robustas.
De acordo com a superintendente de Obras da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), Flávia Ribeiro Dias, o ponto afetado é considerado crítico há anos, sobretudo durante o período chuvoso. “A Marginal Botafogo concentra o escoamento das águas pluviais de várias regiões do Centro e do Setor Sul. O volume e a velocidade da água são tão grandes que comprometem as estruturas de contenção”, explicou.
A Seinfra iniciou uma obra emergencial para reconstruir o trecho danificado. Segundo Flávia, o serviço é paliativo e tem prazo de até 60 dias para ser concluído, embora o retorno das chuvas possa atrasar o cronograma. “Estamos refazendo uma estrutura de contenção com manilhas de concreto, utilizando o peso do próprio talude como reforço. É uma medida provisória para garantir a segurança da via até a conclusão do plano de drenagem definitiva”, afirmou.
A intervenção inclui a remoção de lajes de concreto e muros de gabião que cederam com a força da enxurrada. O temporal também provocou o colapso parcial de um muro e o alagamento de trechos adjacentes, deixando motoristas ilhados.
O problema, no entanto, é recorrente. Desde a canalização do Córrego Botafogo, especialistas em engenharia hidráulica e ambiental alertam que a via sofre com projetos de drenagem insuficientes, incapazes de suportar a intensidade das chuvas tropicais que atingem a capital.
A Seinfra reconhece que a solução definitiva depende da execução do Plano de Drenagem Urbana de Goiânia, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG). O estudo mapeia os pontos mais suscetíveis a alagamentos e erosões, propondo intervenções estruturais de longo prazo.
“Essa situação só será resolvida de forma permanente com as obras previstas no plano. As ações atuais são emergenciais, necessárias para reduzir riscos imediatos, mas não eliminam o problema”, destacou Flávia.
Enquanto isso, a prefeitura mantém alerta para novas ocorrências. “Com o início das chuvas, é possível que outros pontos da cidade também registrem alagamentos. Pedimos que os motoristas evitem transitar pela Marginal Botafogo e regiões próximas durante temporais”, orientou a superintendente.
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