Procon Goiás autua WePink por atrasos, descumprimento de entregas e falhas no atendimento ao consumidor
Marca de cosméticos é alvo de centenas de reclamações por não cumprir prazos e ignorar pedidos de cancelamento e estorno; órgão de defesa do consumidor aponta violação ao Código de Defesa do Consumidor e reforça direitos dos clientes.

O Procon Goiás autuou a empresa de cosméticos WePink, que ganhou notoriedade nas redes sociais por meio de campanhas com influenciadores digitais, após constatar reiteradas falhas na entrega de produtos e ausência de suporte adequado aos consumidores. De acordo com o órgão, desde o início de 2024, foram registradas cerca de 340 reclamações relacionadas à marca, que incluem atrasos expressivos, falta de estorno e dificuldade de comunicação com o serviço de atendimento.
A investigação aponta que a WePink — especializada em perfumes, maquiagens e produtos de cuidados pessoais — anuncia e comercializa mercadorias em todo o território nacional, mas não cumpre os prazos de entrega prometidos durante a compra online. Em diversos casos relatados, os consumidores aguardam há meses sem receber os itens ou qualquer resposta efetiva por parte da empresa.
Uma das denúncias que motivaram a ação exemplifica o problema: uma cliente afirmou ter realizado uma compra há mais de sete meses e, mesmo após solicitar o cancelamento e o reembolso, não obteve retorno nem restituição dos valores pagos.
Estratégia de marketing sob questionamento
O principal atrativo comercial da WePink são as transmissões ao vivo em redes sociais, nas quais influenciadores apresentam promoções relâmpago e oferecem links diretos de compra a preços abaixo do mercado. Apesar da popularidade das lives, as reclamações sobre produtos não entregues, ausência de suporte pós-venda e dificuldade de cancelamento persistem — sem que as campanhas tenham sido interrompidas.
De acordo com o superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston, a prática fere direitos básicos garantidos pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
“O atraso ou a não entrega de uma mercadoria anunciada configura descumprimento de oferta. O consumidor tem direito de exigir outro produto equivalente, o reembolso integral do valor pago, incluindo custos de envio, e indenização por eventuais prejuízos financeiros”, esclareceu Palmerston.
O superintendente destacou ainda que, em caso de descumprimento do prazo inicial, a empresa deve propor um novo prazo de entrega ao cliente, caso este ainda deseje o produto — algo que a WePink não vem fazendo.
Infrações e reincidência
O histórico da empresa demonstra resistência em atender às exigências legais. Diante do volume crescente de reclamações em 2024, o Procon Goiás notificou a WePink no início de 2025, solicitando esclarecimentos e documentação sobre os processos de venda e entrega. O prazo de 20 dias para resposta expirou sem manifestação da companhia, resultando em nova autuação.
A WePink foi enquadrada por violação ao artigo 6º do CDC, que assegura ao consumidor o direito à informação e proteção contra práticas abusivas, e ao artigo 39, que proíbe o fornecedor de se recusar a cumprir ofertas ou de negligenciar a prestação de serviços contratados.
Segundo o órgão, a conduta da empresa representa desrespeito reiterado aos direitos do consumidor, especialmente em ambiente digital, onde a transparência e o cumprimento de prazos são fundamentais para a confiança nas relações de consumo.
Ações complementares e fiscalização local
Além da atuação sobre o comércio eletrônico, o Procon Goiás também notificou os quiosques da marca instalados nos shoppings Flamboyant e Passeio das Águas, em Goiânia. O objetivo foi verificar a regularidade nas políticas de preços, promoções e atendimento presencial. Após análise documental, nenhuma irregularidade foi encontrada nos pontos físicos, segundo o relatório do órgão.
O caso da WePink reforça a atenção crescente dos órgãos de defesa do consumidor sobre empresas que utilizam estratégias digitais de venda em larga escala, mas falham em cumprir obrigações básicas de entrega e suporte. O Procon Goiás informou que continuará monitorando a empresa e pode aplicar sanções mais severas, incluindo multas administrativas, caso as práticas abusivas persistam.
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