União Brasil decide afastar Celso Sabino e abrir processo de expulsão por infidelidade partidária
Decisão unânime da Executiva Nacional, anunciada por Ronaldo Caiado, marca endurecimento do partido contra ministros que insistem em permanecer no governo Lula.

O União Brasil decidiu nesta quarta-feira (8) abrir processo de expulsão contra o ministro do Turismo, Celso Sabino, por infidelidade partidária. A decisão, tomada por unanimidade pela Executiva Nacional, foi anunciada pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), após reunião em Brasília que contou com a presença de lideranças de todas as regiões do país.
Segundo Caiado, o partido não mais tolerará duplo alinhamento político de filiados que ocupam cargos no governo federal, considerado adversário político da legenda. “Fidelidade partidária é princípio inegociável. Não se pode servir a dois senhores. Ou se está com o partido, ou se está com o governo. Posições dúbias desmoralizam o União Brasil”, afirmou o governador, sinalizando o endurecimento interno da sigla.
Dissolução do diretório do Pará e intervenção
Além de iniciar o processo de expulsão, a Executiva aprovou a dissolução do diretório estadual do Pará, base política de Sabino. A medida inclui a criação de uma comissão interventora, responsável por reorganizar a estrutura partidária no estado e restabelecer o comando alinhado à cúpula nacional.
A decisão veio após reiteradas manifestações do ministro em defesa de sua permanência no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — posição contrária à deliberação da legenda, que determinou a saída imediata de todos os seus representantes da administração federal.
Confronto direto com a cúpula partidária
Sabino, que chefia o Ministério do Turismo desde 2023, vem sendo acusado de descumprir orientações formais da direção do partido. O atrito se intensificou após ele participar de reunião com o presidente Lula, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e outros ministros, no Palácio da Alvorada, para reafirmar seu compromisso com o governo.
Em declarações à imprensa, Sabino reagiu à decisão do partido.
“Vim apresentar minha defesa pessoalmente. Esse processo não segue o rito adequado. O União Brasil está tomando decisões precipitadas e injustas. Ainda acredito no diálogo”, disse o ministro, ao chegar à sede do partido em Brasília.
Apesar da manifestação, o entendimento da cúpula é de que Sabino violou o estatuto partidário ao manter laços com o governo petista. A expulsão, segundo fontes da Executiva, é vista como “inevitável” e deve ser formalizada após parecer do Conselho de Ética da legenda.
Endurecimento e reposicionamento político
O episódio consolida o movimento de reposicionamento político do União Brasil, que, sob a liderança de Caiado e do presidente nacional Antônio de Rueda, busca se firmar como força de centro-direita com identidade e disciplina próprias.
Fontes próximas à Executiva afirmam que a decisão é também um recado a outros filiados que mantêm interlocução com o Planalto. “A legenda precisa de coerência e unidade. Quem quiser permanecer em cargos federais que o faça fora do partido”, declarou um dos dirigentes ouvidos.
Com o afastamento, Sabino se mantém no cargo de ministro por decisão exclusiva do presidente Lula, mas perde sustentação partidária e espaço político dentro da legenda que o elegeu.
Análise política
A ofensiva do União Brasil expõe o conflito entre pragmatismo e coerência ideológica que permeia as legendas de centro no país. A postura firme de Caiado e Rueda reforça a tentativa de reconstruir a imagem do partido — frequentemente acusado de “dupla militância” no governo e na oposição — e prepara terreno para o realinhamento político de 2026.
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