Operação Straw Man expõe rede de empresas de fachada que movimentou R$ 250 milhões em fraudes fiscais em Goiás
Esquema utilizava “noteiras” para emitir notas frias e ocultar faturamento real; investigações apontam uso de laranjas, envolvimento de contador e empresário do setor de materiais de construção e prejuízo milionário aos cofres públicos.
A Operação Straw Man, deflagrada nesta terça-feira (26) pela força-tarefa formada pela Secretaria da Economia de Goiás, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Ordem Tributária (DOT) e o Ministério Público de Goiás (MP-GO), desarticulou um sofisticado esquema de sonegação fiscal que operava por meio de empresas de fachada conhecidas como noteiras. Segundo estimativas preliminares, o grupo movimentou R$ 250 milhões em cinco anos, deixando um rastro de débitos tributários e ocultação patrimonial.
As investigações, conduzidas com base em informações da Gerência de Inteligência Fiscal, revelaram a atuação de um empresário do ramo atacadista de materiais de construção, um contador e um trabalhador rural usado como “laranja” para registrar ao menos nove companhias fictícias. Uma dessas empresas, registrada em nome do suposto sócio de fachada, acumula R$ 17 milhões em dívidas já inscritas em dívida ativa, com possibilidade de que esse valor alcance até R$ 40 milhões em impostos e multas após a conclusão da auditoria.
“O que constatamos é um modelo empresarial fraudulento, em que companhias de fachada eram usadas para emitir notas fiscais frias e inflar operações fictícias, mascarando o faturamento real das empresas de fato beneficiadas”, explicou o auditor fiscal Wagner Machado, da Delegacia Regional de Fiscalização de Goiânia.
Estrutura e método da fraude
De acordo com o delegado Bruno Silva, o grupo se valia de falsidade documental e ocultação patrimonial para sustentar a rede de noteiras. “As provas reunidas demonstram que o contador e o empresário atuavam em conjunto para explorar a vulnerabilidade de terceiros, utilizando um trabalhador rural como testa de ferro em negócios multimilionários”, afirmou.
Embora a empresa central estivesse cadastrada no Simples Nacional, regime destinado a micro e pequenas empresas, a organização fraudava o sistema com a emissão de notas fictícias que permitiam ao atacadista ocultar seu verdadeiro faturamento e reduzir drasticamente a carga tributária devida.
Segundo o superintendente de Fiscalização Regionalizada em exercício, Montaigne Mariano de Brito, o caso ilustra como empresas de fachada são usadas para dissimular o passivo tributário e transferir a responsabilidade para sócios sem capacidade financeira real. “As provas colhidas robustecem as suspeitas sobre a fraude contábil e a simulação patrimonial praticada pelo grupo, com prejuízo direto ao erário”, disse.
Prisões e consequências legais
Na operação, foram presos o empresário, um técnico em contabilidade e o sócio laranja. A ação incluiu seis mandados de busca e apreensão em Goiânia e em Uruana, com a apreensão de documentos, computadores e indícios de movimentações financeiras não declaradas.
Os investigados devem responder por sonegação fiscal, falsidade ideológica, associação criminosa e lavagem de dinheiro, crimes que, somados, podem resultar em penas superiores a 20 anos de prisão.
Autoridades ressaltam que, além da responsabilização penal, a Receita Estadual dará continuidade à cobrança administrativa e judicial dos valores devidos. “A estratégia é atacar não apenas os operadores diretos do esquema, mas também recuperar ativos que foram ocultados por meio de simulações patrimoniais”, destacou um investigador próximo ao caso.
A Operação Straw Man sinaliza um avanço no enfrentamento às fraudes fiscais estruturadas em Goiás, ao revelar como redes de empresas fictícias vêm sendo utilizadas para desviar recursos que deveriam financiar políticas públicas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
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